Macerar o comprimido de prasugrel traz alguma vantagem no infarto agudo do miocárdio?

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Trabalho recentemente publicado (CRUSH Trial) avaliou a farmacocinética/farmacodinâmica do prasugrel macerado versus administração usual em pacientes com síndrome coronária aguda com supradesnível de ST. Para tal, foi desenvolvido um comprimido específico para o estudo, próprio para sua execução e diluição em água.

Todos os pacientes eram randomizados em um único centro e recebiam 60mg VO de prasugrel no momento da angioplastia primária.

Perguntas que o trabalho se propôs a responder: macerar o comprimido de prasugrel faz com que a medicação atinja nível sérico mais rápido? Será que ocorre ação antiplaquetária de forma mais precoce quando comparado ao comprimido normal?

Resposta: Sim, o prasugrel macerado atingiu níveis séricos de forma mais precoce e gerou uma ação antiplaquetária mais precoce (medida por teste de agregabilidade plaquetária). Enquanto que o comprimido normal gerou um pico sérico após 1-2 horas, o comprimido macerado o fez em apenas 30 minutos.

Os autores concluem que a administração de prasugrel macerado está associado a maior absorção e a efeitos antiplaquetários mais rápidos em relação a tomada do comprimido inteiro.

Opinião:

O estudo é importante pois abre uma perspectiva de administração do prasugrel diferente da habitual. No entanto, novos estudos visando desfechos clínicos são necessários para validação do mesmo. Por enquanto nada muda na rotina. De maneira semelhante também são esperados resultados utilizando ticagrelor macerado. O primeiro estudo já foi apresentado em 2014 e também mostrou viabilidade em sua aplicação na prática clínica, porém novamente testando somente farmacocinética.

Referência: Rollini F, et al. JACC 2016;60(17).