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LIFE: vale a pena usar sacubutril-valsartana para pacientes com IC avançada?
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
17/5/2021
O estudo PARADIGM-HF mostrou que o uso de sacubitril-valsartana foi superior à terapia com enalapril em pacientes com IC com fração de ejeção reduzida. Mas menos de 1% dos pacientes incluídos tinham NYHA IV. Assim, foi desenhado o estudo LIFE, que teve como objetivo avaliar o uso de sacubitril-valsartana em pacientes com IC com FE reduzida (≤ 35%) com sintomas mais limitantes, em NYHA IV.
Como foi o desenho do estudo?
- Estudo prospectivo com seguimento de 24 semanas, multicêntrico, duplo-cego, comparado com valsartana.
- 335 pacientes com NYHA IV, com BNP ≥ 250 e NT-proBNP ≥ 800 pg/mL.
- Run-in de 3-7 dias com Sacubitril-Valsartana 24/26 2xd. Após esse período, utilizariam Sacubitril-Valsartana com dose alvo de 97/103 2xd OU Valsartan 160mg 2xd.
- O desfecho primário foi a mudança proporcional da área abaixo da curva dos níveis de NT-proBNP avaliadas em 24 semanas.
- Desfechos secundários incluíram desfechos clínicos, segurança e tolerância.
- Devido ao COVID-19, o recrutamento de pacientes foi interrompido antes do previsto.
Quais foram os resultados?
- 335 pacientes randomizizados
- Idade média de 58-60 anos. Sexo feminino correspondeu a 26-28%.
- Nenhum dos grupos mostrou melhora nos níveis de BNP.
- Não houve diferença em hospitalização ou morte cardiovascular, nem em hospitalização isolada, apesar de não ter poder suficiente para mostrar uma diferença significativa.
- Tivemos mais hipercalemia no grupo sacubitrila, sem outros problemas de segurnaça.
Resumindo, sacubitril-valsartana não foi superior a valsartana em reduzir NT-pro BNP!Lembrando que foi um estudo pequeno e de duração menor que os outros trials com o sacubitril-valsartana.Os resultados do estudo LIFE são consistentes com observações anteriores, que sugerem que conforme a insuficiência cardíaca avança, a ativação excessiva e crônica do sistema renina-angiotensina aldosterona pode amenizar o efeito dos peptídeos natriuréticos no coração, vasculatura ou rins. Seria uma população que não se beneficiaria desssa droga, diferente do que observamos em pacientes com IC em classe funcional II-III.