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Liberado o uso da máscara laríngea na reanimação neonatal
Escrito por
Cadu Carlomagno
Publicado em
15/2/2023
Carlos Eduardo Baldo Carlomagno
Em maio de 2022, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou a diretriz atualizada de reanimação neonatal para bebês com idade gestacional igual ou maior a 34 semanas.
Sem dúvida nenhuma, a maior novidade dessa nova diretriz foi a liberação do uso de máscara laríngea antes de realizar a intubação orotraqueal. Isso se deve ao fato de a intubação ser um procedimento com taxa de sucesso aproximada de 50% entre neonatologistas experientes. Isso tem o risco de reduzir a recuperação do recém-nascido asfixiado, aumentando o risco de sequelas neurológicas e de mortalidade.
Desta forma, a máscara laríngea passa a ser um dispositivo possível para otimizar a ventilação com pressão positiva (VPP), que muitas vezes é ineficiente na máscara facial (devido a grandes escapes ao redor da máscara).
Vale lembrar também que a máscara laríngea é um dispositivo supraglótico, ou seja, ela fica posicionada acima da glote e, ao ser insuflada, veda a passagem de ar somente para as vias aéreas. Ela não é uma via aérea definitiva, mas certamente pode ser útil para garantir a melhor ventilação do recém-nascido com frequência cardíaca menor do que 100 bpm e/ou que apresente respiração irregular ou esteja em apneia.
Antes de iniciar o seu uso, é imprescindível que os profissionais da saúde que atuem em salas de parto recebam o adequado treinamento quanto à técnica da passagem da máscara laríngea, assim como que os serviços validem o modelo selecionado, peso mínimo a partir de 1500 g ou 2000 g (a depender da marca) e de uso único ou esterilizável. Apesar disso, a recomendação da SBP é passar máscara laríngea em bebês a partir de 2000 g de peso ao nascimento (e não menores de 34 semanas).
Estudos já comprovam maior taxa de sucesso na passagem da máscara laríngea quando comparado à intubação orotraqueal entre profissionais que receberam treinamento para ambos os procedimentos.
Espera-se que, com isso, consigamos reduzir a incidência de asfixia neonatal e de encefalopatia hipóxico-isquêmica ao nascimento, assim como reduzir a taxa de mortalidade infantil neonatal.
Referência
ALMEIDA, M.F.B.; GUINSBURG, R; Coordenadores Estaduais e Grupo Executivo PRN-SBP; Conselho Científico Departamento Neonatologia SBP. Reanimação do Recém-Nascido > 34 semanas em sala de parto: diretrizes 2022 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2022. DOI: 10.25060/PRN-SBP-2022-2.