IST: Profilaxia e manejo

Compartilhe

As infecções sexualmente transmissíveis constituem um desafio na saúde pública em todo o mundo. Hoje, a terminologia utilizada é infecção sexualmente transmissível que substituiu o antigo termo doença sexualmente transmissível. O diagnóstico dessas afecções deve ser realizado mesmo em pessoas assintomáticas, uma vez que a maioria pode iniciar o quadro de forma silente. Geralmente causadas por bactérias, vírus, protozoários, dentre outros, ao se manifestarem, os primeiros sintomas podem ser corrimento vaginal, uretral, úlceras genitais ou mesmo verrugas. Dessa forma, deve-se iniciar a prevenção primária por meio da educação da população, ao disseminar conhecimento de prática sexual segura, com ênfase no uso de preservativo, tanto masculino quanto feminino.

As principais infecções são: herpes genital, cancro mole, HPV, DIP, donovanose, gonorreia, clamídia, linfogranuloma venéreo (LGV), sífilis, HIV e tricomoníase. Sabe-se que essas infecções são transmitidas por meio do contato sexual — seja oral, vaginal ou anal — sem o uso de preservativo. Além disso, pode haver o contágio vertical, em que uma gestante transmite durante a gestação, parto ou amamentação ao recém-nascido.

O objetivo dessa informação à população é de prevenir sequelas dessas doenças que, muitas vezes, podem ser graves e totalmente preveníveis. Além dessa educação primária, segundo o CDC, é boa prática a identificação de pacientes assintomáticos infectados, bem como, ao fazer o diagnóstico, realizar o tratamento efetivo, avaliar, tratar e aconselhar parcerias e vacinar DST prevenível. Muitos pacientes sintomáticos não procuram o serviço de saúde por receio, tabu ou procuram tratamentos alternativos em farmácias e até internet. Porém, o atendimento, diagnóstico e tratamento é importante para interromper a cadeia de transmissão dessas doenças.

Dessa forma, a prevenção orientada pode ser abstinência sexual ou, ao iniciar atividade sexual monogâmica, realização do rastreio sorológico. Além disso, informar e incentivar a vacinação de hepatite B, C e HPV. O uso de preservativo tanto masculino quanto feminino, é eficaz na prevenção de diversas doenças, como HIV, clamídia, gonorreia e tricomoníase, e pode reduzir a transmissão do HPV.

O rastreio, dessa forma, deve ser realizado de forma ativa, a depender do grupo avaliado. Em pacientes com menos de 30 anos, é aconselhável a testagem de HIV e sífilis anualmente. O rastreio para clamídia, gonococo, hepatite B e C deve ser balizado segundo as práticas sexuais. Na população LGBTQIA+, profissionais do sexo, adictos de álcool e/ou drogas, testes de HIV, sífilis e hepatites devem ser realizados semestralmente.

Já em pacientes com diagnóstico de IST, devem ser investigadas as demais IST no momento do diagnóstico e após 4 a 6 semanas. Em pessoas com hepatites virais e tuberculose, realizar o rastreio no momento do diagnóstico. Além desses grupos mencionados, pessoas com prática sexual anal receptiva sem uso de preservativo devem ser investigadas para HIV, sífilis, clamídia, gonococo e hepatites B e C semestralmente. Em pessoas privadas de liberdade, realizar teste de HIV anual e nas demais, de forma semestral.

Além disso, uma vez realizado o diagnóstico, a orientação é fundamental para que a paciente reconheça e, dessa forma, minimize o risco de outras infecções por IST. Além disso, deve ser oferecida vacinação para hepatite A, B e HPV quando indicado e notificar o caso se necessário. Deve ser identificado os riscos de IST em pessoas com idade abaixo de 30 anos com novas parcerias ou múltiplos parceiros sexuais, antecedente de IST e/ou uso irregular de preservativo.

REFERÊNCIAS:

PASSOS, Eduardo et al. (org.) Rotinas em Ginecologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Fluxograma para manejo clínico das Infecções Sexualmente Transmissíveis. 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fluxograma_manejo_clinico_ists.pdf. Acesso em: 06 set. 2023.