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Interpretando o Teste Rápido Para Sífilis – Parte #2

Escrito por
Cadu Carlomagno
Publicado em
22/4/2025

A interpretação e manejo do teste rápido para sífilis na maternidade são essenciais para garantir o diagnóstico e o tratamento adequado, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Como neonatologistas e pediatras, é importante estarmos atentos às implicações de um resultado positivo ou negativo desse teste e às medidas que devem ser tomadas para prevenir complicações graves como a sífilis congênita.
Condutas em caso de teste positivo:
- Mãe: Se houver suspeita de infecção ativa ou tratamento inadequado, a mãe deve ser encaminhada para avaliação e tratamento adequado com penicilina G benzatina. Mesmo que tenha recebido tratamento durante a gestação, é necessário reavaliar o manejo para garantir que foi efetivo.
- Recém-nascido: O bebê deve ser considerado em risco de sífilis congênita. As condutas variam de acordo com o histórico materno e os resultados da investigação do bebê:
- Exames iniciais: Incluem sorologia para sífilis (VDRL ou RPR), hemograma, radiografia de ossos longos, e análise de líquido cefalorraquidiano (LCR) para exclusão de neurossífilis.
- Tratamento do recém-nascido: Se houver sinais de sífilis congênita, ou se os exames maternos forem sugestivos de infecção ativa, o bebê deverá receber penicilina G cristalina intravenosa por 10 a 14 dias.
Resultado Negativo do Teste Rápido para Sífilis
Um resultado negativo no TRS sugere ausência de anticorpos contra o Treponema pallidum. No entanto, é importante considerar algumas nuances no raciocínio clínico:
- Infecção recente:
- Se a infecção for muito recente, pode ocorrer uma “janela imunológica”, ou seja, o período entre a exposição e a produção de anticorpos detectáveis. Se houver suspeita clínica elevada de infecção recente (ex.: exposição recente ou história de sífilis em parceiro sexual), recomenda-se repetir a sorologia após 2 a 4 semanas.
- Confiança no resultado:
- Em gestantes sem história de sífilis, um resultado negativo no TRS, associado a um acompanhamento pré-natal adequado, geralmente indica que não há infecção. No entanto, o contexto clínico e epidemiológico deve sempre ser considerado.
Considerações Finais
A sífilis é uma doença prevenível, mas ainda tem impacto significativo em muitas regiões. Como médicos, nossa responsabilidade na maternidade é garantir a identificação precoce de casos, oferecendo tratamento adequado e oportuno. A correta interpretação dos testes e a rápida adoção de medidas preventivas são essenciais para evitar as complicações graves da sífilis congênita.
Assim, seja diante de um teste positivo ou negativo, o raciocínio clínico deve ser individualizado, sempre levando em conta o contexto materno e o risco potencial para o recém-nascido.