Insulinas sensíveis à glicose: conheça projetos que podem mudar a endocrinologia

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Os pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) apresentam insulinopenia desde o momento do diagnóstico. Por este motivo, a insulinoterapia em esquema intensivo, seja por múltiplas doses de insulina ou sistema contínuo de infusão de insulina, constitui a terapêutica fundamental em todas as idades.      

A estratégia de reposição de insulina, para pessoas com DM1, deve mimetizar a secreção fisiológica de insulina. Tradicionalmente, assume-se 50% da secreção como componente basal, ao longo de todo o dia, e os 50% restantes como componente prandial, em resposta às refeições.    

Projetos em desenvolvimento prometem simplificar a forma de insulinização desses pacientes com DM1. O Type 1 Diabetes Grand Challenge vem financiando o desenvolvimento de insulinas por cientistas de diferentes países.  Quatro desses projetos estão trabalhando em insulinas responsivas à glicose (GRIs). Essas insulinas só são “ativadas” em situações de hiperglicemia, e “desativam” quando os níveis caem de forma acentuada, evitando a hipoglicemia.    

Um dos cientistas envolvidos, o professor Webber, engenheiro biomédico da Universidade de Notre Dame, EUA, desenvolveu uma "insulina inteligente" que compreende um reservatório injetável responsivo à glicose. Projetando nanocomplexos de insulina, a equipe do professor Webber criou um sistema de administração de insulina utilizando pequenas partículas chamadas nanocomplexos, que contêm insulina. Esses nanocomplexos podem ser injetados sob a pele para criar um reservatório insulínico. Se os níveis de glicose no sangue aumentarem, a insulina é automaticamente liberada das partículas armazenadas para a corrente sanguínea.    

O Professor Michael Weiss e sua equipe na Universidade de Indiana, EUA, estão desenvolvendo e testando uma nova molécula que combina insulina e glucagon, que tem como objetivo reduzir a variabilidade glicêmica. A molécula foi testada em ratos com DM1, havendo redução do risco de hipoglicemias tanto após as refeições, quanto ao longo do dia. Os pesquisadores irão explorar diferentes maneiras de fabricar essa molécula de insulina-glucagon, para encontrar a maneira mais barata e fácil de fazer grandes quantidades, para que ela possa ser testada em grandes ensaios clínicos em humanos no futuro.  

Para quem tiver interesse em conhecer outros projetos semelhantes que estão sendo desenvolvios na área do DM1, basta acessar o site https://type1diabetesgrandchallenge.org.uk. Além dos inúmeros agonistas incretínicos que já são uma realidade no tratamento do DM2, as insulinas “inteligentes”prometem revolucionar o manejo de pacientes com DM1.