Inibidores do SGLT-2 aumentam o risco de fraturas?

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Os inibidores do SGLT-2 (iSGLT-2), quando utilizados no tratamento de adultos com Diabetes Mellitus tipo 2, reduzem o risco de eventos cardiovasculares ateroscleróticos, hospitalização por insuficiência cardíaca, doença renal terminal e morte. Existe, no entanto, uma preocupação de que tais agentes possam estar associados a um risco aumentado de fraturas ósseas, com base nos achados de um ensaio clínico randomizado (ECR).

No Canagliflozin Cardiovascular Assessment Study (CANVAS), a incidência de fraturas ósseas entre aqueles que utilizaram canagliflozina, foi significativamente maior do que entre aqueles que tomaram placebo (15,4 vs 11,9 fraturas por 1.000 pessoas-ano; HR, 1,26; IC 95%, 1,04-1,52). Esse risco aumentado de fratura, no entanto, não foi observado em outros grandes ECRs com canagliflozina ou com outros iSGLT-2.

Um estudo publicado recentemente no Clinical Journal of the American Society of Nephrology buscou determinar se o uso dos iSGLT2 está associado a um risco maior de fraturas em comparação com inibidores da dipeptidil peptidase-4 (iDPP-4), que não têm associação conhecida com fratura. Trata-se de um estudo de coorte de base populacional realizado em Ontário, Canadá, entre 2015 e 2019 que comparou a incidência de fratura entre novos usuários de iSGLT2 e iDPP-4. Foram comparadas as taxas de incidência cumulativa de fratura após 180 e 365 dias, entre os grupos.

Aos 180 dias, o número de fraturas foi semelhante entre os dois grupos: 172 fraturas no grupo iDPP-4 e 170 fraturas no grupo iSGLT2 (razão de risco ponderada [HR], 0,95; IC 95%, 0,79 - 1,13). Aos 365 dias, o número de fraturas também foi semelhante em cada grupo: 360 fraturas no grupo inibidor de DPP-4 e 329 fraturas no grupo inibidor de SGLT2 (HR ponderado, 0,88; IC 95%, 0,77 - 1,00). Em análises de subgrupo, os resultados sugeriram que a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) não alterou significativamente a associação entre iSGLT2 versus iDDP-4 e resultados de fraturas após 180 e 365 dias, sem evidência de um maior risco de fratura com inibidores do SGLT2 em todas as categorias de TFGe.

Os resultados desse novo estudo nos trazem uma maior segurança em prescrever os iSGLT-2 sem aumentar o risco de fraturas, mesmo em pacientes já com algum grau de redução da TFGe. No entanto, ainda faltam dados que demonstrem tal segurança em pacientes com TFGe < 30 mL/min/1,73m2.