Inibidor de SGLT2 na Farmácia Popular

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As doenças cardiovasculares, em virtude de sua prevalência e magnitude, constituem um enorme desafio à saúde pública. Por um lado, as descobertas científicas robustas de medicações capazes de reduzir substancialmente risco de complicações CV são um marco importante no combate a tais doenças. Por outro lado, de nada adianta a existência de tais medicamentos se elas não forem acessíveis à população sob risco, sobretudo os mais vulneráveis por conta de sua condição sócio-econômica. Com isso, a disponibilização do inibidor de SGLT2 no Programa Farmácia Popular, assim como outros medicamentos para insuficiência cardíaca (IC), é uma grande conquista para o tratamento das doenças CV em nosso país (cheque também este resumo aqui: https://d3gjbiomfzjjxw.cloudfront.net/dapagliflozina-agora-disponivel-no-sus-veja-quem-tem-direito/). Por isso, é de suma importância a chegada de alguns medicamentos chave na Farmácia Popular. Trata-se de um programa de distribuição de medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e atende mais de 20 milhões de brasileiros. As medicações contempladas são voltadas sobretudo ao controle de doenças crônicas, como diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial sistêmica (HAS). No último dia 30 de setembro, foi publicado no diário oficial da união a incorporação de mais 5 medicamentos à atual lista:
  • Besilato de anlodipino (indicado como 1ª linha de tratamento de HAS, comumente associado a inibidor da ECA; também usado como 2ª linha de tratamento de angina estável em pacientes já sob tratamento com betabloqueador)
  • Succinato de metoprolol (indicado no tratamento da IC com FEVE reduzida, além de angina estável, fibrilação atrial e HAS)
  • Dapagliflozina (indicado no tratamento da IC com FEVE reduzida, DM tipo 2 e IRC não dialítica)
  • Furosemida (utilizado para alívio sintomático na IC; pode ser um adjuvante ao controle pressórico sobretudo em pacientes com IRC)
  • Espironolactona (indicado na IC com FEVE reduzida; também pode ser usado nos casos de HAS refratária ao tratamento inicial com três classes de anti-hipertensivos).
  No caso do inibidoror de SGLT2 dapagliflozina, o medicamento será disponibilizado na farmácia popular em esquema de co-pagamento (em que o governo subsidia parte dos custos). Os demais medicamentos citados são gratuitos. A chegada de tais medicações é uma enorme conquista para o tratamento de doenças CV no Brasil. Sabe-se que as doenças CV são a maior causa de morte no nosso país, e que o controle dos fatores de risco como HAS e DM é um passo fundamental a fim de reduzir estes números. Além disso, é de suma importância que medicamentos capazes de reduzir mortalidade na IC com FEVE reduzida (inibidores da ECA, espironolactona, succinato de metoprolol e dapagliflozina) estejam incorporados a este programa, com isso facilitando o acesso para pacientes com condições sociais mais vulneráveis. Vale ressaltar que a mortalidade da IC com FEVE reduzida se aproxima a de algumas neoplasias malignas. Uma vez que o acesso aos medicamentos está sendo facilitado, talvez o maior gap na implementação das terapias otimizadas de acordo com as diretrizes seja o processo de educação médica continuada dos profissionais que se deparam com estes pacientes na prática.   REFERÊNCIAS https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/ministerio-da-saude-incorpora-novos-medicamentos-ao-programa-farmacia-popular