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Hipercolesterolemia: nova medicação a caminho
Escrito por
Luciano França de Albuquerque
Publicado em
5/7/2023
No final de 2021, o FDA aprovou o Inclisiran, um novo agente para tratamento da hipercolesterolemia que atua na inibição do PCSK9, porém com mecanismo diferente. Trata-se de um small interfering RNA (siRNA), uma molécula que vai bloquear a síntese da PCSK9 no fígado. Os agentes anteriormente disponíveis, Alirocumab e Evolucumab são anticorpos monoclonais, atuando nas partículas secretadas. Pouco mais de um ano depois, o medicamento recebeu o registro da ANVISA e deve estar chegando ao Brasil.
Inclisiran, que deve chegar com o nome de Sybrava, é de uso injetável por via subcutânea. O esquema posológico é uma das grandes vantagens apontadas. A administração é semestral, após 2 doses iniciais administradas com 3 meses de intervalo, o que pode facilitar a adesão. É indicado para prevenção secundária, ou seja para indivíduos com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD), incluindo aqueles com histórico de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Além disso, também teve aprovação para casos de hipercolesterolemia familiar heterozigótica (HeFH), que não alcancem as metas de LDL-C com estatinas na dose máxima tolerada.
A droga foi considerada eficaz em 3 ensaios randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo que envolveram 3.457 adultos com HeFH ou ASCVD. Em 2 estudos de fase 3 envolvendo 3.178 pacientes com ASCVD, os grupos em uso de inclisiran observaram reduções médias de LDL-C de 51,3% e 45,8%. No estudo de fase 3 de HeFH envolvendo 482 pacientes, o grupo inclisiran teve uma diminuição média de LDL-C de quase 40% em comparação com um aumento de 8% no grupo placebo.
Reação no local da injeção, rigidez articular, infecção do trato urinário, diarreia, bronquite, dor nas extremidades e dificuldade para respirar foram os eventos adversos mais comuns, porém sem diferença significativa em comparação aos grupos placebo.
Apesar da comprovada redução nos níveis de LDL-C, ainda não temos evidências sobre a redução de desfechos cardiovasculares. Ensaios clínicos com desenho apropriado estão atualmente em andamento.