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Identificar fibrose miocárdica antes da ressincronização cardíaca faz diferença?
Escrito por
Alexandre Volney
Publicado em
10/5/2018
A ressincronização cardíaca (CRT) é uma importante opção terapêutica para pacientes sintomáticos (CF III e IV mesmo com tratamento clínico otimizado), com disfunção ventricular acentuada (FE < 35%) e dissincronia devido a distúrbios da condução, principalmente o bloqueio completo do ramo esquerdo (QRS > 150ms), promovendo redução de mortalidade e hospitalização nessa população.
Consiste, em geral, no implante de marca-passos posicionados em ambos os ventrículos promovendo recuperação do sincronismo contrátil, melhorando a eficiência mecânica cardíaca e promovendo, em alguns casos, remodelamento reverso.
Qual um dos grandes problemas da ressincronização? Muitos dos pacientes com indicação pelas diretrizes terminam não apresentando benefícios com o uso do dispositivo. Será que o problema poderia ser o implante do eletrodo de estimulação do ventrículo esquerdo em uma região de fibrose? Nesse contexto, o uso da ressonância magnética cardíaca (RMC) poderia ajudar a definir melhor quem evoluiria favoravelmente com o implante do ressinc?
Nesse sentido, Leyva e colaboradores delinearam em 2011 um interessante estudo cujo objetivo foi determinar se o uso do realce tardio por ressonância magnética para guiar o implante do eletrodo ventricular teria implicação nos desfechos de longo prazo da CRT.
Foi um estudo prospectivo e randomizado que incluiu 559 paciente com IC sintomáticos (isquêmicos e não isquêmicos) submetidos a CRT e separados em 2 grupos: implante guiado ou não por RMC. Nos pacientes guiados por RMC era dada a opção de implante do cabo do ventrículo esquerdo longe da área de fibrose ou onde o operador considerasse mais viável (mesmo que em região de fibrose).
Após um seguimento máximo de 9 anos, os resultados foram:
- Pacientes guiados por RMC nos quais o cabo foi implantado em área de realce tardio (fibrose) apresentaram maior mortalidade cardiovascular (RR 6,34), morte cardiovascular e hospitalização por IC (RR 5,57) e maior mortalidade por qualquer causa e mais eventos cardiovasculares maiores (RR 4,74) com elevada significância estatística (p< 0,0001) em relação aos pacientes guiados por RCM com cabo implantado fora da fibrose.
- Os pacientes não guiados por RMC apresentaram um risco intermediário, porém significativamente maior que no grupo guiado
Em resumo: O uso do realce tardio por RMC para guiar o implante do eletrodo ventricular esquerdo fora de áreas de fibrose resulta em melhor desfecho clínico após a CRT quando comparado à abordagem não guiada. Implantar o eletrodo do ventrículo esquerdo em áreas de fibrose foi associado a piores desfechos clínicos com elevado risco de morte por IC e morte súbita.
Reference: Leyva, F., Foley, P. W. X., Chalil, S., Ratib, K., Smith, R. E. A., Prinzen, F., & Auricchio, A. (2011). Cardiac resynchronization therapy guided by late gadolinium-enhancement cardiovascular magnetic resonance. Journal of Cardiovascular Magnetic Resonance, 13(1), 1–9. https://doi.org/10.1186/1532-429X-13-29