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Hiperaldosteronismo primário: quem investigar e como fazer um screening adequado
Escrito por
Patricia Gadelha
Publicado em
3/2/2011
Hiperaldosteronismo primário é uma das principais causas de hipertensão secundária. Recentes estudos prospectivos mostram que pode corresponder a 10% de todos os hipertensos, embora esse número possa estar superestimado por um viés de seleção de centros especializados em HAS.
Hipocalemia só está presente em 9-37% dos pacientes, assim não se deve esperar esse achado para inciar a investigação
#Quem devo investigar?
- pacientes hipertensos estágios 2 e 3 ou com HAS resistente a medicações
- HAS + hipocalemia espontânea ou induzida por diuréticos
- HAS com incidentaloma adrenal
# Como devo investigar?
- O exame laboratorial de screening é a relação aldosterona dividido por atividade plasmática de renina (APR). O screening é positivo quando essa relação é > 30. Alguns autores consideram como achado adicional que fortalece o diagnóstico a presença de aldosterona >15.
# O que devo fazer para que o exame de screening seja válido?
- Corrigir hipocalemia. A hipocalemia bloqueia a aldosterona levando a valores falsamente negativos de aldo/APR
- Como regra geral a maiora dos antihipertensivos (iECA, bloq AT1, diureticos) leva a relação falsamente baixa de aldo/APR porque desbloqueia a renina. Beta-bloqueadores levam a relação falsamente alta porque bloqueiam renina.
- Medicações que devem ser suspensas 4 semanas antes do screening: diuréticos, antagonistas da aldosterona
- Medicações que devem ser suspensas até 2 semanas antes: iECA, bloqueadores ATI, betabloqueadores e AINES
- Medicações antihipertensivas que podem ser mantidas: verapamil hidralazina, alfa bloqueadores
É importante ter bom senso na suspensão dessas medicações, assim se o paciente tem insuficiência cardíaca que precisa fazer uso de diuréticos o mais adequado é manter a medicação e fazer a relação aldo/APR assim mesmo. Uma vez que os diuréticos costumam liberar a APR e dar resultados falso-negativos se o resultado vier positivo (>30 ) já é mais que suficiente para confirmar o screening positivo.
Lembrar que isso é só screening. Há vários outros passos a serem feitos para confirmar o diagnóstico. Após screening positivo encaminhar a endocrinologista ou especialista em HAS.
Referência: Case detection, Diagnosis and Treatment of Patients with Primary Aldosteronism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline