Granuloma Anular- Como Não Confundir Com Hanseníase Tuberculóide

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O granuloma anular é uma dermatose inflamatória benigna caracterizada por placas anulares e pápulas dérmicas. Sua etiologia precisa não é bem conhecida, mas os achados anatomopatológicos apontam inflamação granulomatosa em paliçada em torno de forco degenerativo de colágeno.

A forma clínica mais comum é o granuloma anular localizado que se manifesta por lesões eritematovioláceas de milímetros a cerca de 5 cm de tamanho, principalmente em pés, tornozelos, pernas e coxas. Lesões anulares formadas por pápulas firmes e algumas solitárias podem estar presentes.

Existem outras formas como o granuloma anular generalizado que ocorre predominantemente em adultos, com placas maiores e em maior número, além do envolvimento mais extenso, podendo afetar face, pescoço e extremidades. Temos ainda o granuloma anular subcutâneo acomete mais as crianças sob a forma de nódulos firmes subcutâneos assintomáticos, medindo de 5 mm a 4 cm de diâmetro. Prevalecem no dorso das mãos e pés, tornozelos, bochechas, região pré-tibial, mãos e couro cabeludo.Do ponto de vista prático, o que mais vemos é uma certa dificuldade de diagnosticar o granuloma anular ambulatorialmente, já que seu aspecto clínico faz diagnóstico diferencial com outras doenças granulomatosas, especialmente a hanseníase tuberculóide.Então alertamos para algumas dicas para tentar diferenciar estas duas doenças:- Na hanseníase tuberculóide, as lesões granulomatosas podem ser anulares e arciformes, mas as pápulas que compõem o anel do granuloma anular tendem a ser mais firmes e menos eritematosas.- No granuloma anular, a sensibilidade está preservada, enquanto na hanseníase tuberculóide provavelmente estará alterada.- É possível identificar contactante ou antecedente familiar de hanseníase na anamnese em parte significativa dos casos desta micobacteriose. Considerar a epidemiologia local.- Se o paciente tiver várias lesões anulares, o diagnóstico de hanseníase tuberculóide torna-se menos provável que o granuloma anular. Lembramos que esta forma de hanseníase é paucibacilar, com tendência a se apresentar como lesão única (ou poucas).- Não esquecer de palpar nervos para investigar dor, espessamento ou disestesia, achados que apontam para a hanseníase.- O granuloma anular costuma responder bem à corticoterapia tópica, enquanto a hanseníase tuberculóide requer tratamento com poliquiomioterapia.- Se ainda houver insegurança no diagnóstico, o histopatológico colabora para a definição destas doenças.

Foto 1: Hanseniase tuberculóide: placa composta por pápulas eritematosas com discreta hipocromia central no ombro de uma paciente. Foto 2: Pequenas lesões papulosas normocrômicas, formando anéis; num mesmo pé, há várias lesões nesta paciente. (Fonte: acervo da autora)Fontes: Piette EW, Rosenbach M. Granuloma annulare: Clinical and histologic variants, epidemiology, and genetics. J Am Acad Dermatol. 2016 Sep. 75 (3):457-465. [Medline].Zhu TH, Kamangar F, Silverstein M, Fung MA. Borderline Tuberculoid Leprosy Masquerading as Granuloma Annulare: A Clinical and Histological Pitfall. Am J Dermatopathol. 2017 Apr;39(4):296-299. doi: 10.1097/DAD.0000000000000698. PMID: 28328616.