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EXPLORER-HCM: mavacamten para pacientes com CMH obstrutiva!
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
15/5/2021
EXPLORER-HCM
A hipercontratilidade do músculo cardíaco é uma alteração fisiopatológica importante em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica, e o principal determinante da obstrução dinâmica da via de saída de VE.
O tratamento atual foca em melhor sintomas e função, utilizando betabloqueadores, verapamil ou opções invasivas para aqueles com sintomas refratários (alcoolização do septo ou miectomia).
O estudo EXPLORER-HCM busca avaliar a eficácia e segurança do Mavacamten, a primeira classe de inibidores da miosina cardíaca, em pacientes com CMH obstrutiva sintomática (com gradiente VSVE ≥ 50mmHg e NYHA II-III). Ele atua reduzindo o número de pontes miosina-actina e diminuindo contratilidade.
Já temos estudos mostrando melhora de função contrátil e pico de VO2 com essa droga (veja esse post), mas faltavam estudos avaliando melhora de sintomas nesses pacientes.
Esse é um estudo randomizado, duplo-cego, em pacientes com CMH com obstrução de VSVE com gradiente ≥ 50mmHg e NYHA classe II ou III. Comparou Mavacamten na dose até 5mg 2xd vs placebo, com um seguimento de 30 semanas.
Foram avaliadas mudanças no escore de KCCQ (Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire) durante o estudo – escore que avalia sintomas, atividade física, atividade social e qualidade de vida.
Considerado como paciente que piorou se redução de mais de 5 pontos no escore; sem mudança se alteração entre -5 e +5 do escore; melhora leve se 5 a 9 pontos, moderada 10 a 19 pontos e uma boa melhora se elevação de 20 pontos ou mais do escore.
No grupo Mavacamten, houve uma melhora média de 9,1 pontos no escore de KCCQ, bem superior ao placebo (IC 5,5 – 12,8), superior a vários trabalhos que avaliaram esse escore em IC, como o DAPA-HF (+2,3), PARADIGM-HF (+1,27) e HF-ACTION (+1,93). Essa melhora já foi presente com 6 semanas de uso, e regressou ao basal após interrupção da droga.
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Variações no escore de KCCQ em vários estudos[/caption]
36% dos pacientes com mavacamten tiveram uma melhora ≥ 20, contra 15% do grupo placebo, resultando num NNT de 5 para esse desfecho.
Algumas limitaçoes do estudo: 28% dos pacientes perderam dados de KCCQ basal ou durante o segmento. Esse estudo avaliou somente paciente com CMH obstrutiva, não podendo extrapolar resultados para outros grupos. E não temos dados de longo-prazo com uso dessa droga ainda. Mas parece ser uma droga promissora para esses pacientes!