Erupção Fixa Medicamentosa: Você Sabe Reconhecê-la?

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A erupção fixa medicamentosa ou eritema fixo pigmentar é um efeito adverso cutâneo a medicamentos com a característica única de apresentar lesões recorrentes no mesmo local, após a reexposição ao agente agressor. As extremidades, lábios e a genitália parecem ser os sítios mais envolvidos. Afeta ambos os sexos e qualquer faixa etária, embora a maioria dos casos ocorra entre os 20 e 40 anos.

É uma reação adversa cutânea imunológica, caracterizada por lesões únicas ou múltiplas arredondadas bem definidas, eritematopigmentadas, de aspecto liquenoide. As máculas ocorrem no mesmo local quando há exposição ao medicamento causador. Eventualmente, pode haver formação de bolhas sobre as manchas. Agentes exógenos são a única causa conhecida da erupção fixa.

Fonte: Fixed-drug Eruptions: What can we Learn from a Case Series? 2018.

Fonte: Fixed-drug Eruptions: What can we Learn from a Case Series? 2018.

Ocorre mais frequentemente com uso de antimicrobianos e anti-inflamatórios, mas, tecnicamente, pode ocorrer após o uso de qualquer droga. Há relatos de reação cruzada entre as quinolonas, assim como entre a cetirizina e levocetirizina e o metronidazol com secnidazol. O intervalo de tempo entre a tomada da medicação e o surgimento da erupção costuma variar de horas a 40 dias, a depender se o paciente já está sensibilizado ou não.

O aumento do número de lesões e a gravidade da erupção a cada reexposição parece envolver a ativação de células T CD8+ intraepidérmicas. Quando a droga causadora é readministrada, estas células são ativadas e liberam interferon-gama e grânulos citotóxicos, como granzima B e perforina. Os mastócitos também recrutam moléculas de adesão celular nos queratinócitos circundantes por meio do TNF alfa. Toda essa ativação gera dano tecidual no local das lesões bem estabelecidas do eritema fixo.

Algumas vezes, a lesão cutânea desaparece quando a medicação é descontinuada, mas geralmente resulta em pigmentação pós-inflamatória duradoura ou permanente.

Devido às suas características clínicas, é uma farmacodermia que pode ser diagnosticada com relativa facilidade, quando comparada a outras erupções medicamentosas. A recorrência de quadros de erupção fixa traduz o limitado conhecimento médico sobre esta farmacodermia. É fundamental suspeitar deste quadro, a fim de evitar a administração do mesmo medicamento ou de outro estruturalmente relacionado, assim como orientar os pacientes sobre a restrição do uso do agente agressor, evitando lesões muitas vezes sintomáticas e que geram discromia relevante.

Fonte:

JHAJ, Ratinder et al. Fixed-drug Eruptions: What can we Learn from a Case Series? Indian Journal of Dermatology, v. 63, n. 4, 2018, p. 332-337. Disponível em: https://doi.org/10.4103/ijd.ijd_481_17. Acesso em: 27 set. 2023.