Eritrodermia Esfoliativa: Desafio Diagnóstico

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Para compreender, diagnosticar e saber tratar a Eritrodermia, o médico deverá primeiro saber identificar um paciente eritrodérmico. Comumente, o paciente eritrodérmico é definido equivocadamente como um paciente com um rash, e toda a propedêutica torna-se errática.

Então por definição, Eritrodermia Esfoliativa é uma síndrome caracterizada por um eritema generalizado e persistente em mais de 90% da superfície corporal com graus variados de descamação. O prurido está presente em até 90% dos pacientes, de intensidade variável.

E o que causa esta síndrome? Várias etiologias podem gerar um quadro clínico eritrodérmico. Há quatro mecanismos envolvidos:

  • Evolução progressiva de dermatose pré-existente. (Ex: Pênfigo foliáceo, Pitiríase Rubra Pilar e Eritrodermia Ictiosiforme Congênita)
  • Agravamento de dermatose pré-existente – por fatores desencadeadores como tratamentos intempestivos. (Ex: Psoríase, Dermatite Atópica e Dermatite de Contato)
  • Reação Adversa a Drogas/Farmacodermia. (Ex: antibióticos betalactâmicos e anticonvulsivantes aromáticos)
  • Apresentação clínica de Linfomas Cutâneos de Células T.

As causas mais frequentes em adultos de Eritrodermia Esfoliativa estão representadas no gráfico abaixo, porém essas frequências possuem variação na literatura não havendo consenso.

Fonte: Própria autora

Já na infância, há causas genéticas (Ex: Eritrodermia Ictiosiforme Congênita e Imunodeficiências) e infecciosas (Ex: A Síndrome Estafilocóccica da Pele Escaldada em neonatos).

Metade dos pacientes eritrodérmicos irão apresentar linfonodomegalia periférica generalizada, mesmo sem ter necessariamente doença linfoproliferativa, e também hepatomegalia (mais associado à farmacodermias) e esplenomegalia (mais associado a linfomas).

A necessidade de uma anamnese e exame físico completos é mandatória, e a realização de biópsia de ao menos 3 áreas distintas aumenta a acurácia do diagnóstico etiológico através do estudo anatomopatológico.

O paciente deve ser internado para cuidados de suporte e para reposição hidroeletrolítica devido ao aumento das perdas insensíveis, para investigação etiológica e para início de tratamento da patologia de base.

Não é raro que mesmo seguindo esse passo a passo, o diagnóstico etiológico não seja fechado de imediato, portanto, este paciente deverá ser acompanhado clinicamente e caso precise, será submetido a novas biópsias posteriormente.

REFERENCIAS

Rivitti Evandro A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. São Paulo: Artes Médicas, 2018. Erupções eritematoescamosas; 219-245.

Romiti Ricardo, Maragno Luciana. Dermatoses Eritematoescamosas. In: Walter Belda Junior, Nilton Di Chiacchio, Paulo Ricardo Criado. Tratado de Dermatologia. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2014. 144-170.