Endometriose intestinal

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A endometriose intestinal geralmente é pouco prevalente e seus sintomas costumam ser inespecíficos. Diante de uma queixa intestinal causada por endometriose, é importante excluir outras etiologias, até porque a dor pélvica causada pela endometriose pode ser oriunda de uma endometriose superficial, endometrioma ou mesmo de outros sítios, e não apenas pela doença intestinal. Outros diagnósticos diferenciais de dor pélvica crônica como adenomiose e cistos ovarianos, doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável, diverticulite e hemorroida também devem ser realizados.

Quando a infertilidade está associada, o papel da endometriose intestinal não é claro. O que se sabe é que doenças em estágios III ou IV podem estar mais associadas à distorção da anatomia pélvica, o que pode prejudicar a fertilização e transporte do embrião.

A endometriose pode estar associada à malignidade, mas essa associação é incomum. Geralmente são carcinomas de células claras, sarcoma estromal endometrial e adenocarcinoma endometrioide. Devido a sua baixa prevalência, não há indicação de vigilância adicional para pacientes que possuam suspeita de endometriose.

Nessas pacientes, o mais comum é a associação com adenomiose, uma vez que essa patologia tem como hipótese distintas manifestações de uma mesma doença. Essa associação pode estar relacionada a uma maior taxa de infertilidade.

Dessa forma, o tratamento da endometriose intestinal deve levar em consideração os sintomas, localização da lesão da endometriose e avaliação dos riscos e benefícios das técnicas cirúrgicas. Contudo, perante a sintomas característicos, como dispareunia profunda, disquezia, sangramento retal cíclico, o tratamento deve ser realizado. Caso haja sintomatologia intestinal inespecífica, como sangramento retal ocasional, constipação ou distensão abdominal, deve ser investigado outras causas que justifiquem esses sintomas e, caso seja atribuído à endometriose, o tratamento também está indicado.

A doença intestinal pode ser dividida como endometriose retovaginal e endometriose com envolvimento de parede intestinal do retossigmoide. Além disso, deve ser levado em consideração a localização da doença, pois, lesões muito próximas à borda anal (menos que 5 cm) podem facilmente fistulizar, sendo a ileostomia ou colostomia consideradas no planejamento cirúrgico. Em lesões mais altas, a anastomose término-terminal pode ser considerada.

Tanto o tratamento cirúrgico com ressecção de endometriose profunda e o tratamento clínico tem seu espaço na decisão terapêutica compartilhada do médico e paciente. Faltam estudos que comprovem a superioridade de um método sobre o outro.

O que se sabe é que o tratamento clínico das lesões possui a vantagem de tratar simultaneamente todos os locais afetados com a doença, associado a poucos efeitos colaterais e boa tolerabilidade. Uma desvantagem dessa terapêutica, é que o seu tratamento deve ser realizado a longo prazo (via de regra até atingir a menopausa). De modo geral, as pacientes com endometriose intestinal profunda possuem uma melhora muito mais gradual em relação àquelas que foram submetidas ao tratamento cirúrgico. Além disso, a maioria das terapêuticas devem ser descontinuadas caso a paciente queira engravidar.

Por outro lado, a terapia cirúrgica proporciona alívio das queixas mais rapidamente e, a longo prazo, melhora a qualidade de vida. A desvantagem, porém, encontra-se no fato dos riscos cirúrgicos inerentes ao procedimento, bem como complicações e potencial disfunção intestinal pós-operatória.

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