ECMO – Será que Existe Benefício em sua Utilização?

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A ECMO (extracorporeal membrane oxygenation) fornece suporte circulatório e respiratório que permite aumento de sobrevida em pacientes selecionados com falência cardiopulmonar aguda. Tem sido indicada precocemente em diretrizes, principalmente em pacientes em choque cardiogênico.

Estudo publicado recentemente no Circulation analisou mais de 4000 pacientes submetidos à utilização de ECMO nos últimos 10 anos em Taiwan, com o intuito de avaliar mortalidade em curto e longo prazo e correlacionar com fatores de risco. O estudo incluiu apenas adultos ≥20 anos. Doadores de órgãos, pacientes oncológicos e mulheres com complicações obstétricas foram excluídos.

Os principais diagnósticos foram: IAM, outras formas de doença cardíaca isquêmica, insuficiência respiratória após trauma ou cirurgia, pneumonia, PCR, influenza e TEP. As complicações mais comuns foram IRA, sangramento maior (GI e intracraniano) e AVC isquêmico.

O follow-up médio foi de apenas 98 dias. A média de dias em ECMO foi de 2,14 dias. A mortalidade geral foi 30,1% em 7 dias, 59,8% em 30 dias e 76,5% em 365 dias. No total, apenas 34,9% dos pacientes receberam alta hospitalar. Quanto mais dias em ECMO, pior o prognóstico encontrado.

O estudo apresenta algumas limitações importantes por se tratar de um registro e não haver critério específico para alocação da ECMO, grupo comparativo e/ou randomização. Informações de sinais vitais e dose de DVA não eram disponíveis. A condição hemodinâmica do paciente antes da ECMO também foi desconhecida. Além disso, o tipo de circuito não foi especificado (venoarterial X venovenoso).

Dessa forma, o estudo deixa uma importante demonstração de que na vida real o uso de ECMO foi capaz de prover uma sobrevida em torno de 25% em 1 ano, algo que gera um NNT de 4 e, a julgar pela gravidade dos pacientes envolvidos, se correlaciona com um bom resultado relativo.

Referência: Chang C, et al. Circulation 2016;133:2423-33.