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Echo-CRT – há benefício em ressincronizar pacientes com IC e QRS estreito com evidência ecocardiográfica de dissincronia?
Escrito por
Fernando Figuinha
Publicado em
19/9/2013
Segundo a atualização da última diretriz brasileira de insuficiência cardíaca, há indicação de terapia de ressincronização cardíaca (TRC) para redução de mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca (IC ) com FE ≤ 35%, com classe funcional III, tratamento clínico otimizado e com QRS alargado (≥ 150ms) (indicação classe I, nível de evidência A). Pacientes que se encontram na mesma situação acima, mas que apresentam QRS de 120 a 150ms e tem sinais de dissincronia ventricular teriam indicação classe IIa, NE A.
Para melhor avaliação dos benefícios da TRC nesse grupo de pacientes (QRS < 150ms com dissincronia) foi realizado o estudo Echo-CRT.
Foi mais um estudo apresentado no último congresso europeu de cardiologia e lançado simultaneamente no New England Journal of Medicine.
Foi um estudo randomizado que envolveu 115 centros; avaliou 809 pacientes com IC, FE ≤ 35%, CF III ou IV, duração de QRS < 130ms com evidência ecocardiográfica de dissincronia de ventrículo esquerdo. Em todos os pacientes foi implantado o aparelho, e foram randomizados para manter a função de ressincronização ligada ou não. Seguimento médio de 19,4 meses.
O desfecho primário foi um composto de morte por qualquer casa ou primeira hospitalização por piora da IC. Ocorreu em 28,7% no grupo TRC x 25,2% no grupo controle (p 0,15). Em relação à mortalidade, houve um aumento significativo no grupo TRC (11,1% x 6,4%, HR 1,81, p 0,02).
O estudo foi interrompido precocemente devido à futilidade.
Conclui, então, que a terapia de ressincronização cardíaca, além de não reduzir eventos (morte ou hospitalização por IC), ainda pode aumentar a mortalidade.
O principal parâmetro para determinar resposta à TRC continua sendo o bom e velho ECG.
Referência: Ruschitzka F, Abraham WT, Singh JP, et al. Cardiac-resynchronization therapy in heart failure with a narrow QRS complex. N Engl J Med 2013.