O que fazer quando o Potássio do seu paciente está elevado?

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O que fazer quando o Potássio do seu paciente está elevado?

A hipercalemia é um distúrbio ameaçador da vida e esta cerca de 2-3 vezes mais presente em pacientes com Insuficiência cardíaca(IC), doença renal crônica(DRC), diabetes ou em uso de medicamentos inibidores do SRAA (iSRAA).

Com o aumento do número de pacientes com IC e DRC em uso de iSRAA e antagonistas dos receptores mineralocorticoide (ARM) a hipercalemia tem se tornado muito frequente na prática clínica. Essas drogas tem-se mostrado essenciais no manejo da IC, com mudança na sobrevida, sendo a hipercalemia limitante do uso desta medicações.

A hipercalemia pode ser dividida em: adquirida (ex.: diabetes, doença renal crônica, Addisson etc) ou relacionada a tratamento (ex.: uso de iSRAA, ARM, anti-inflamatórios, heparina etc).

A presença de hipercalemia esteve associado a elevação da mortalidade e maior risco de internamento em pacientes com IC que utilizaram ARM (espironolactona) quando comparados com Placebo, conforme avaliado no estudo RALES (Randomized Aldactone Evaluation Study). E este risco encontra-se mais elevado ainda quando os pacientes apresentam DRC concomitante de acordo com os resultados do estudo ADHERE (Acute Descompensated Heart failure National Registry) que revelou risco de hipercalemia de 20% neste grupo de pacientes

DICAS PRATICAS

Então, devemos seguir alguns passos para a avaliação e o manejo correto da hipercalemia:

  • Não utilizar medicamentos que elevem o potássio sérico (suplementos alimentares, muito comuns e que raramente são relatados pelos pacientes) e “SAL-LIGHT”- (KCL) muito prescrito para controle de HAS.
  • É preferível diminuir a dose do IECA/BRA e dos inibidores da aldosterona do que suspender um dos dois.
  • Caso haja hipercalemia ameaçadora da vida, suspender as medicações mas tentar reintroduzir em doses menores e com ajustes na alimentação- tabela prática ao final do artigo. (não abandonar a droga no primeiro episódio de hipercalemia!)
  • Avaliar a taxa de filtração glomerular e encaminhar para nefrologista se <30mL/min/1.73m2
  • Tentar manejar a hipercalemia com drogas diuréticas com efeito caliurético (especialmente a furosemida) em detrimento de outro antihipertensivo (clonidina, BCC), especialmente em pacientes com benefício comprovado do uso de IECA/BRA (IC, SCA, DRC proteinúrico e Diabéticos)
  • Para pacientes que mantem hipercalemia a despeito das medidas, o uso de resinas de troca cronicamente (SORCAL) não são recomendados pela baixa aceitação, custo e risco de necrose colônica .
  • O PATIROMER e o ZS-9 (Zircônio de sódio) são droga seguras e liberadas para comercialização em 2015 pelo FDA. Ainda não estão liberadas no Brasil. Atualmente, parecem ser a melhor opção para os casos refratários.

EVITAR ALIMENTOS COM ALTO TEOR DE POTÁSSIO

AbacateAçaíÁgua de cocoBanana prataBanana nanicaDamascoFigoFruta-do-condeGoiabaGraviolaJacaKiwiLaranja pêra ou bahianaMamãoMaracujáMelãoMexerica ou tangerinaNectarinaUva

Outros alimentos com alto teor de potássio:

  • Grãos: feijão, ervilha, grão de bico, soja. Frutas secas: coco, uva passa, ameixa seca, damasco
  • Oleaginosas: nozes, avelã, amendoim, amêndoa, castanhas, pinhão
  • Sal dietéticos ou light, Chocolate, Café solúvel

FONTE: Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN.org.br)

REFERÊNCIAS

  • Hyperkalemia in Heart Failure Journal of the American College of Cardiology, Volume 68, Issue 14, Pages 1575-1589 Chaudhry M.S. Sarwar, Lampros Papadimitriou, Bertram Pitt, Ileana Piña, Faiez Zannad, Stefan D. Anker, Mihai Gheorghiade, Javed Butler
  • The Effect of Spironolactone on Morbidity and Mortality in Patients with Severe Heart Failure Bertram Pitt, M.D., N Engl J Med 1999; 341:709-717 September 2, 1999 DOI: 10.1056/NEJM199909023411001
  • In-Hospital Mortality in Patients With Acute Decompensated Heart Failure Requiring Intravenous Vasoactive MedicationsAn Analysis From the Acute Decompensated Heart Failure National Registry (ADHERE) William T. Abraham, MD J Am Coll Cardiol. 2005;46(1):57 64. doi:10.1016/j.jacc.2005.03.051