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Em 2009, estimativas indicam que 2,5 bilhões de pessoas utilizaram transporte aéreo, com relatos de 1 morte súbita a bordo a cada 5,7 milhões de passageiros. Neste contexto, quem nunca teve um paciente com dúvidas a respeito de viagens aéreas, nos abordando com a famosa pergunta, "Doutor, posso voar?". Após renião da Câmara Técnica de Medicina Aeroespacial, o CFM publicou recomendações aos médicos, passageiros e tripulantes.
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS:
~Infecções Ativas ( pneumonia , Sinusite): Contra-indicado viagem aéra aos passageiros e tripulantes, pois podem alterar as respostas fisiológicas humanas habituais ao vôo;
~Infecções Pulmonares Contagiosas: Não devem embarcar ( risco de contágio ou piora da patologia)
~Asma: Doença grave, instável ou com Hospitalização recentes: Contra-indicado o Vôo
- Enfisema ou DPOC: Viagens permitidas mediante a avaliação médica e necessidade de O2 durante o trajeto.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES:
~ Prazos podem ser alterados a depender da avaliação Médica
- Infarto não complicado: aguardar duas a três semanas.
- Infarto complicado: aguardar seis semanas.
- Angina instável: não deve voar.
- Insuficiência cardíaca grave e descompensada: não deve voar.
- Insuficiência cardíaca moderada, verificar com o medico se há necessidade de utilização de oxigênio durante o voo.
- Revascularização cardíaca: aguardar duas semanas.
- Taquicardia ventricular ou supra ventricular não controlada: não voar.
- Marcapassos e desfibriladores implantáveis: não há contra-indicações.
- Nos casos de Acidente Vascular Cerebral:
- AVC isquêmico pequeno: aguardar 4 a 5 dias.
- AVC em progressão: aguardar 7 dias.
- AVC hemorrágico não operado: aguardar 7 dias.
- AVC hemorrágico operado: aguardar 14 dias.
POS-OPERATÓRIO E PACIENTES EM RECUPERAÇÃO
- Pós-Operatório torácico
- Casos de pneumectomia (retirada do pulmão) ou lobectomia pulmonar recente (retirada parcial do pulmão): recomenda-se uma avaliação médica pré-voo, com determinação da normalidade da função respiratória, principalmente no que diz respeito à oxigenação arterial.
- Casos de pneumotórax: é uma contra-indicação absoluta. Deve-se esperar de duas a três semanas após drenagem de tórax e confirmar a remissão pelos Raios-X
- Pós-Operatório neurocirúrgico
Após trauma crânio-encefálico ou qualquer procedimento neurocirúrgico, pode ocorrer aumento da pressão intracraniana durante o voo. Aguardar o tempo necessário até a confirmação da melhora do referido quadro compressivo por tomografia de crânio.
Cirurgia abdominal:
Contra-indicado o voo por duas semanas, em média. Deve-se aguardar a recuperação do trânsito habitual do paciente, pois a presença de ar em alças, sem eliminação adequada, no pós-operatório de cirurgias recentes, pode determinar a sua expansão excessiva em voo.
- Pós cirurgia laparoscópica: o voo pode ocorrer assim que a distensão pelo ar injetado tenha desaparecido e as funções do órgão operado retornado ao normal.
- Nos procedimentos onde foi injetado ar ou gás em alguma parte do corpo: aguardar o tempo necessário para a reabsorção ou a eliminação do excesso de ar ou gás injetado.
- Pós anestesia raquidural: o voo pode causar dor de cabeça severa até 7 dias após a anestesia.
- Após anestesia geral: não há contra-indicação, desde que o paciente tenha se recuperado totalmente.
Gesso e fraturas - Fraturas instáveis ou não tratadas são contra-indicadas para voo.
Importante: considerando que uma pequena quantidade de ar poderá ficar retida no gesso, aqueles feitos entre 24-48 horas antes da viagem, devem ser bi-valvulados para evitar a compressão do membro afetado por expansão normal do ar na cabine durante o voo.
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS:
Distúrbios psiquiátricos - Pessoas com transtornos psiquiátricos cujo comportamento seja imprevisível, agressivo ou não seguro, não devem voar. Já aqueles com distúrbios psicóticos estáveis, em uso regular de medicamentos e acompanhados, podem viajar.
Epilepsia - A maioria dos epilépticos pode voar seguramente desde que estejam usando a medicação. Aqueles com crises frequentes devem viajar acompanhados e estarem cientes dos fatores desencadeantes que podem ocorrer durante o voo, tais como: fadiga, refeições irregulares, hipóxia e alteração do ritmo circadiano. Recomenda-se esperar 24-48h após a última crise antes de voar.
GESTANTES:
Recomenda-se que os voos sejam precedidos de uma consulta ao médico. De forma geral as seguintes medidas devem ser observadas:
- As mulheres que apresentarem dores ou sangramento antes do embarque, não devem fazê-lo.
- Evitar viagens longas, principalmente em casos de incompetência ístmo-cervical, atividade uterina aumentada, ou partos anteriores prematuros.
- A partir da 36ª semana, a gestante necessita de uma declaração do seu médico permitindo o voo. Em gestações múltiplas a declaração deve ser feita após a 32ª semana.
- A partir da 38ª semana, a gestante só pode embarcar acompanhada dos respectivos médicos responsáveis.
- Gestação ectópica é contra-indicação para o voo.
- Não há restrições de voo para a mãe no pós-parto normal, mesmo no pós-parto imediato.
CRIANÇAS:No caso de um recém-nascido, é prudente que se espere pelo menos uma ou duas semanas de vida até a viagem. Isso ajuda a determinar, com maior certeza, a ausência de doenças, congênitas ou não, que possam prejudicar a criança no voo.
OBSERVAÇÕES GERAIS:
Medicação - Recomenda-se levar medicação prescrita pelo médico em quantidade suficiente para ser utilizada durante toda a viagem. Os remédios devem estar sempre à mão, preferencialmente acompanhados pela receita do médico, com as dosagens e os horários que devem ser administrados. Em caso de deslocamentos que impliquem em mudança de fuso horário, o médico assistente deve ser consultado para avaliar se há necessidade de ajustar os horários de ingestão dos medicamentos.
Enjoos - As pessoas mais susceptíveis a terem enjoo durante o voo são aquelas que já o apresentam quando andam de ônibus, carro ou navio. Estas devem evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes que podem facilitar seu aparecimento. Recomenda-se também, como medida de precaução, que utilizem os assentos próximos às asas do avião por ser o local de voo menos turbulento e, por conseguinte, menos propenso a induzir náuseas e vômitos.
Procurar assistência e/ou orientação médica antes do voo, caso o passageiro ou tripulante apresente:
- Febre alta, tremores, com piora progressiva dos episódios;
- Sangue ou muco nas fezes;
- Vômitos que impeçam a ingesta de líquidos;
- Sintomas persistentes após uso de medicamentos sintomáticos;
- Sintomas, especialmente, se usa diuréticos, imunossupressores ou remédios para diabetes e/ou hipertensão.