Dímero-D tem alguma utilidade em pacientes com suspeita de disseção aórtica?

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Dímero-D tem alguma utilidade em pacientes com suspeita de disseção aórtica?

O conceito de que o dímero-D trata-se de um produto de degradação de fibrina está bem enraizado na literatura. Dessa forma, qualquer doença que produza trombos terá elevação de dímero-D, fato esse verificado e amplamente utilizado no tromboembolismo pulmonar. No entanto, na dissecção aguda de aorta (DAA) o dímero-D havia sido estudado somente em estudos retrospectivos e, apesar de não validado, apresentava boa correlação também.

Dessa forma, foi publicado recentemente no Circulation o estudo ADVISED, prospectivo, multicêntrico e com a participação do Brasil. Nesse estudo foram avaliados 1850 pacientes com dor torácica em unidades de emergência, nos quais foi dosado o dímero-D e correlacionado diretamente com o diagnóstico final de DAA ou não. O limite de normalidade de dímero-D utilizado foi de 500 ng/ml. Os pacientes foram avaliados e pontuados pelo aortic dissection detection risk score (ADD-RS, 0 to 3), estabelecido na diretriz europeia de cardiologia, que determinava a probabilidade pré-teste para DAA. Quando o paciente recebia outro diagnóstico ou não realizava ecocardiograma transesofágico, angiotomografia de aorta ou aortografia, o mesmo era seguido por 14 dias após o evento.

O resultado mais importante do estudo foi mostrar que quando o AAD-RS foi de 0 ou 1 e o dímero-D < 500 ng/ml, o valor preditivo negativo para DAA foi de 99,7%. Dessa forma, essa estratégia passa a ser recomendada pelos autores como uma possibilidade segura de rule-out de DAA no pronto-socorro. A proposta seria aplicar o AAD-RS e solicitar dímero-D em todos os pacientes com suspeita de DAA. Quando o AAD-RS for < 1 e dímero-D < 500 ng/dl, DAA está descartada. No entanto, se AAD-RS > 1 ou < 1 + dímero-D > 500 ng/dl, o paciente deve ser submetido à angiotomografia de aorta.

Nota do editor (Eduardo Lapa) - Parabenizamos nosso colaborador Dr Alexandre Soeiro por seu um dos autores principais deste relevante artigo publicado no Circulation, uma das 3 maiores revistas de cardiologia do mundo.

Referência: Nazerian et al. CIRCULATIONAHA.117.029457.