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Diabetes e licença para dirigir: posicionamento da American Diabetes Association
Escrito por
Ícaro Sampaio
Publicado em
5/11/2024
A licença para dirigir, representada aqui no Brasil pela Carteira Nacional de Habilitação (CNH) é essencial para várias atividades: trabalhar; gerenciar responsabilidades familiares; acessar amenidades, serviços e instituições públicas e privadas; socializar; estudar. Como o diabetes mellitus (DM) pode, ou deve, ser considerado ao avaliar as capacidades de dirigir e os critérios para obter uma licença continua sendo uma questão de debate.
Neste mês de novembro, a American Diabetes Association publicou um posicionamento orientando profissionais de saúde sobre possíveis intervenções e sobre a educação de pessoas com diabetes em relação ao tema “diabetes x licença para dirigir”.
O diagnóstico de diabetes por si só não é suficiente para justificar a limitação da capacidade de uma pessoa de operar um veículo motorizado. A avaliação de risco de um motorista deve ser individualizada, independentemente da condição de saúde.
Operar um veículo motorizado traz responsabilidades e riscos inerentes. Embora incidentes relacionados ao diabetes aconteçam e mereçam atenção, é crucial observar que eles são relativamente raros. As principais preocupações médicas associadas ao diabetes que podem afetar a segurança ao dirigir são 1) hipoglicemia que prejudica a capacidade de dirigir, 2) neuropatia que reduz a capacidade de sentir ou operar pedais e 3) retinopatia, catarata e/ou glaucoma que prejudicam a visão necessária para dirigir.
Estudos descobriram que casos anteriores de hipoglicemia grave ao dirigir, acidentes de direção relacionados à hipoglicemia ou colisões relacionadas à hipoglicemia foram associados a um risco maior de acidentes de direção no futuro. Assim, um padrão recente de eventos hipoglicêmicos graves e acidentes de direção pode indicar um risco aumentado de incidentes futuros para motoristas em tratamento com insulina. Nesses cenários, implementar estratégias de educação, triagem e gerenciamento adicionais pode ser benéfico.
Motoristas com diabetes devem ter a carteira suspensa ou restrita somente se isso for a única maneira prática de lidar com um risco de segurança estabelecido. Um histórico de hipoglicemia não significa que um indivíduo não seja, ou não possa ser, um motorista seguro. Quando há evidências de um histórico de hipoglicemia grave, uma avaliação apropriada deve ser conduzida para determinar a sua causa, as circunstâncias do episódio, se foi um incidente isolado, se o ajuste ao plano de gerenciamento do diabetes pode mitigar o risco e a probabilidade de tal episódio se repetir.
Profissionais de saúde devem identificar e recomendar ações para aumentar a segurança ao dirigir. As intervenções serão necessariamente individualizadas e podem incluir o uso de CGM, verificação de glicemia antes de dirigir, verificação intermitente de glicemia durante viagens longas, etc. Motoristas com diabetes devem trabalhar de forma colaborativa com seus profissionais de saúde para implementar estratégias para garantir a segurança ao volante.