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Desvendando as FGIDS em menores de 4 anos: Síndrome dos vômitos cíclicos
Escrito por
Lygia Lauand
Publicado em
26/9/2023
A síndrome dos vômitos cíclicos é mais comum em crianças entre 2 e 7 anos, mas estima-se que afete cerca de 0,7 a 1,9% dos lactentes e 1,5% das crianças entre 1 e 4 anos. Os critérios para o diagnóstico dessa síndrome de acordo com o Roma IV devem incluir todos os itens a seguir:
- Dois ou mais períodos paroxísticos de vômitos incessantes, com ou sem esforço, durando horas até dias em um período de 6 meses
- Episódios estereotipados em cada paciente
- Os episódios têm intervalos de semanas ou meses, com retorno à saúde normal entre os episódios de vômitos.
Os vômitos repetitivos característicos dessa síndrome ocorrem em paroxismos que geralmente iniciam nos mesmos horários, principalmente tarde da noite ou cedo pela manhã. A frequência dos paroxismos pode variar, chegando a ocorrer até 70 episódios em um ano. Os vômitos atingem seu máximo de intensidade nas primeiras horas e tendem a diminuir em seguida. A presença de distúrbios hidroeletrolíticos pode atrasar a recuperação do episódio agudo. Alguns sintomas adicionais, como intolerância à luz, barulhos, diarreia, febre e leucocitose, podem estar presentes.
Na história, pode estar presente enxaqueca materna e presença de eventos geradores de ansiedade ou estresse como desencadeadores das crises.
É importante descartar doenças metabólicas, neurológicas ou anatômicas em crianças com menos de 2 anos antes de fazer o diagnóstico de síndrome dos vômitos cíclicos. Isso pode exigir a realização de exames laboratoriais, como dosagem de eletrólitos, ureia, creatinina e glicose, além de exame contrastado do trato digestório superior.
Durante a crise aguda, é possível administrar inibidores de bomba de prótons e lorazepam para aliviar os sintomas. Os vômitos repetidos podem causar hematêmese devido a gastropatia de prolapso, síndrome de Mallory-Weiss ou esofagite péptica. Em casos graves, pode-se realizar profilaxia com ciproheptadina, pizotifeno, amitriptilina ou propranolol entre as crises.