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Desvendando as FGIDS em menores de 4 anos: Regurgitação do lactente (refluxo fisiológico)
Escrito por
Lygia Lauand
Publicado em
11/9/2023
A regurgitação é a manifestação clínica mais comum em lactentes e pode ser erroneamente confundida com vômitos pelas famílias. A fisiopatologia da regurgitação está relacionada ao aumento do número de relaxamentos do esfíncter esofágico inferior, independentemente das deglutições. Essas manifestações clínicas tendem a desaparecer ao longo do primeiro ano de vida, com a maturação funcional do esfíncter.
A prevalência de regurgitação do lactente varia entre 14% e 24% ao longo do primeiro ano de vida, sendo que aos 4 meses de idade, entre 41% e 67% dos lactentes apresentam pelo menos duas regurgitações por dia.
Ao avaliar um lactente com regurgitações, é importante considerar os critérios de Roma IV e estar atento aos sinais de alarme que possam indicar doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) ou outras doenças relacionadas a regurgitações e vômitos.
Quadro 1 - Sinais de alarme no lactente
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2022.
De acordo com os critérios de Roma IV, para o diagnóstico de regurgitação do lactente devem estar presentes as duas características a seguir, entre as idades de 3 semanas e 12 meses, na ausência de outro problema de saúde:
- 2 ou mais regurgitações por dia durante 3 ou mais semanas;
- Ausência de náuseas, hematêmese (presença de sangue no vômito), aspiração, apneia, déficit de crescimento (failure to thrive), dificuldades na alimentação ou para a deglutição, e postura anormal.
O preenchimento total dos critérios de Roma para regurgitação do lactente exclui a possibilidade de alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e doença do refluxo gastroesofágico. Portanto, não há justificativa para dietas de exclusão para a mãe ou trocas de fórmula, no caso de lactentes não amamentados. Apesar das fórmulas infantis espessadas reduzirem a frequência e o volume das regurgitações, não diminuem o tempo de exposição do esôfago ao material regurgitado. Além disso, há poucas evidências de que a redução do volume e o encurtamento do intervalo entre as refeições sejam eficazes. Não há necessidade de tratamento medicamentoso, e lactentes em aleitamento materno exclusivo devem seguir a amamentação.
Referência:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de gastroenterologia. Distúrbios gastrointestinais funcionais no lactente e na criança abaixo de 4 anos: um guia para a prática diária. Manual. 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/disturbios-gastrointestinais-funcionais-no-lactente-e-na-crianca-abaixo-de-4-anos-um-guia-para-a-pratica-diaria/. Acesso em: 06 set. 2023.