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O ano de 2024 está chegando ao fim e nós apresentaremos a seguir alguns destaques da diabetologia:
• Novo critério diagnóstico de Diabetes
Em 2024, um comitê de especialistas da Federação Internacional de Diabetes (IDF) reavaliou a acurácia e aplicabilidade do teste oral de tolerância à glicose (TOTG) de 1 hora (TOTG-1h) para diagnóstico de pré-diabetes e de diabetes mellitus (DM). Uma metanálise de 15 estudos com 35.551 indivíduos identificou que o valor de corte de TOTG-1h de 209 mg/dl é equivalente ao valor de corte no TOTG-2h de 200 mg/dl para diagnóstico de DM. Em julho deste ano, a Sociedade Brasileira de Diabetes passou então a recomendar que a glicemia no TOTG-1h ≥ 209 mg/dl seja um critério para diagnóstico de DM.
• Definição de hiperglicemia hospitalar
Tradicionalmente a hiperglicemia hospitalar era definida por glicemia capilar (GC) ou plasmática acima de 140 mg/dL em pacientes hospitalizados. No entanto, em 2024, a nova diretriz brasileira modificou esse ponto de corte para 180 mg/dL, por considerar mais custo-efetivo para rastreio e intervenção. O termo hiperglicemia hospitalar persistente, por sua vez, deve ser utilizado para todo paciente que apresente dois ou mais episódios de glicemia capilar ou plasmática acima de 180mg/dL em 24 horas, pois essas taxas estão associadas a piores desfechos clínicos.
• Semaglutida para Doença Renal do Diabetes
Neste ano foram publicados os resultados do estudo FLOW. Este foi o primeiro ensaio clínico randomizado de um agonista de receptor do GLP-1 (semaglutida) que avaliou como desfecho primário um desfecho composto renal em pacientes com diabetes mellitus. Após um período de 3,4 anos, o desfecho primário composto (um declínio persistente na TFGe de ≥50%, TFGe persistente <15 mL/min/1,73 m², terapia de substituição renal, e morte renal ou CV) foi reduzido em 24% (HR, 0,76; IC 95%, 0,66–0,88; P = 0,0003).O número necessário para tratar ao longo de 3 anos para prevenir um desfecho primário foi 20 (IC 95%, 14–40).
• Novo consenso sobre emergências hiperglicêmicas
No mês de junho de 2024 foi publicado um relatório de consenso que consiste numa atualização do consenso da American Diabetes Association (ADA) sobre crises hiperglicêmicas em adultos com diabetes, publicada em 2001 e atualizada pela última vez em 2009. De acordo com esse novo documento, a cetoacidose diabética passou a ser definida pela presença dos seguintes critérios: hiperglicemia (glicemia ≥ 200 mg/dL ou história prévia de DM); elevação de corpos cetônicos (concentração de ẞ-hidroxibutirato ≥ 3,0 mmol/l OU cetonúria ≥ 2+; presença de acidose metabólica: pH < 7,3 e/ou concentração de bicarbonato <18 mmol/l. Ânion gap não é mais recomendado como parte dos critérios diagnósticos de primeira escolha. Mas foi definido como opção quando mensuração de corpos cetônicos indisponível.