Dermatite Perioral

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A dermatite perioral (DPO) é uma dermatite periorificial papulopustulosa e vesicular inflamatória crônica. Acomete principalmente crianças e mulheres.

Na sua etiopatogenia, o uso de corticosteroides é bem estabelecido. Além dos orais, os corticosteroides tópicos, nasais e inalatórios têm sido relatados associados à DPO, com a fisiopatologia exata não totalmente compreendida. Os esteróides tópicos podem alterar, e com isso desequilibrar, a microflora dos folículos pilosos. No entanto, pouco se sabe sobre as outras etiologias, como: infecciosas (fusobactérias, ácaros Demodex folliculorum e Candida albicans), cosméticos, barreira cutânea disruptiva, obturações dentárias e reações a dentifrícios.

Clinicamente, apresenta-se como pápulas eritematosas, pústulas na região perioral (local mais comum) e periorificiais.

Fonte: Tolaymat, 2022.

Existe uma forma granulomatosa da DPO que em pessoas de etnia afro-americana é uma apresentação típica. Antigamente, era denominada como erupção facial afro-caribenha na infância. Trata-se de uma erupção facial mais intensa que ocorre predominantemente em crianças pré-púberes nas regiões perinasal, perioral e periocular cujas lesões tendem a ser da cor da pele ou marrom-amareladas com descamação leve e possível eritema localizado.

O diagnóstico é clínico, mas raramente biópsias de pele podem ser consideradas, justamente em apresentações incomuns ou falta de resposta terapêutica. O índice de gravidade POD (PODSI) leva em conta eritema, pápulas e escala de gravidade.

O histopatológico revela um infiltrado inflamatório linfohistiocítico perifolicular e perivascular com células plasmáticas esparsas. Às vezes pode haver espongiose folicular, as características típicas da dermatite muitas vezes não estão presentes. Na forma granulomatosa, existem granulomas epitelioides dérmicos e células gigantes, além da inflamação linfohistiocítica perivascular e perifolicular.

Os principais diagnósticos diferenciais são acne vulgar, rosácea exacerbada por esteroides e lúpus miliar.

O tratamento escolhido deve se basear na gravidade da apresentação clínica, na idade do paciente, na presença de sintomas adicionais e condições concomitantes. A primeira orientação é a suspensão dos corticosteroides tópicos, e potenciais alérgenos de contato devem ser considerados, identificados e evitados sempre que possível. Na doença leve induzida por esteróides, a terapia conservadora com descontinuação e hidratantes reparadores de barreira pode ser o necessário.

Os tratamentos tópicos mais usados são: inibidores de calcineurina, antibióticos tópicos (como metronidazol, clindamicina ou eritromicina), enxofre, e ácido azelaico. Há estudos até com terapia fotodinâmica. O tratamento sistêmico principal é com antibióticos, como a limeciclina ou outras tetraciclinas, e deve ser usado em casos mais graves. Se paciente tiver contra-indicações a tetraciclinas, sugere-se o uso de eritromicina oral. A isotretinoína oral pode ser considerada como uma opção de tratamento em casos recalcitrantes e em pacientes sem contra-indicações a esta droga.

REFERENCIAS

Tolaymat L, Hall MR. Perioral Dermatitis. 2022 Sep 5. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 30247843.

Searle T, Ali FR, Al-Niaimi F. Perioral dermatitis: Diagnosis, proposed etiologies, and management. J Cosmet Dermatol. 2021 Dec;20(12):3839-3848. doi: 10.1111/jocd.14060. Epub 2021 Mar 16. PMID: 33751778.