Convulsão febril: precisa de tratamento?

Compartilhe

A crise convulsiva febril simples não requer tratamento e, como são crises de curta duração, em geral, o paciente chega ao serviço médico no período pós-ictal. Caso o paciente dê entrada no serviço de emergência durante a atividade convulsiva, devem ser tomadas as seguintes providências:

  • Acalmar os pais;
  • Avaliar e estabilizar vias aéreas, oxigenação, acesso venoso, avaliação e estabilização da função cardiovascular;
  • Investigar distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásicos;
  • Tratar a causa da febre;
  • Uso de antitérmicos;
  • Se a crise não cessar: benzodiazepínicos

Os benzodiazepínicos são as drogas de primeira escolha nas crises, sendo o diazepam o mais utilizado por ter início rápido de ação (de 1 a 3 minutos), embora com curta duração (de 5 a 15 minutos). Portanto, é útil apenas para a suspensão da crise. Pode ser repetido a cada 10 ou 15 minutos por 3 vezes; 0,3 mg/kg intravenoso (IV), máximo de 10 mg. Na ausência de acesso venoso, 0,5 mg/kg por via retal, ou midazolam de 0,2 a 0,7 mg/kg sublingual (SL), intramuscular (IM) ou intranasal (IN), na dose máxima de 5 mg. Em caso de persistência da crise, pode ser feito o uso de fenitoína (de 15 a 20 g/kg EV) ou fenobarbital (de 15 a 20 mg/kg EV).

Não há forma eficaz de prevenção de novas crises e o uso precoce de antitérmico não reduz o risco de novos episódios. Em geral, não é indicado o uso profilático de anticonvulsivantes, exceto nos pacientes com quadros muito recorrentes – que devem ser acompanhados por um neurologista pediátrico. Os pais devem ser tranquilizados quanto a benignidade do quadro.

Nos casos das crises complexas, está indicada avaliação de neuropediatra e possível profilaxia com anticonvulsivante.

A terapêutica profilática com anticonvulsivantes não é usual, mas pode ser considerada nos casos de crise febril complexa e/ou com recidivas frequentes. Os medicamentos comumente utilizados são fenobarbital ou ácido valproico.

Os pais devem ser orientados quanto ao caráter benigno da doença, com recidivas somente em 30% dos casos. Além disso, o risco de evolução para epilepsia depois de uma crise febril é baixo, em torno de 6 a 7%. Os fatores de risco para evolução para epilepsia são atraso do desenvolvimento e crise febril complexa.

Referência:

MACHADO, Mayara; CARMO, André; ANTONIUK, Sérgio. Crise febril na Infância: Uma revisão dos principais conceitos. Residência Pediátrica, v. 8, n. 1, 2018, p. 11-16. Disponível em https://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/v8s1a03.pdf. Acesso em: 18 set. 2023.