Convulsão febril: Parte 2 - Preciso solicitar exames complementares?

Como dissemos no artigo convulsão febril, parte 1, a crise convulsiva febril é uma disfunção neurológica comum na infância, caracterizada como uma crise epiléptica que ocorre em crianças entre seis meses e seis anos de idade, durante episódios febris, na ausência de infecção do Sistema Nervoso Central ou outras doenças neurológicas subjacentes que apresentem crises convulsivas.

Na maioria dos casos a convulsão febril é um quadro benigno e autolimitado, sem necessidade de exames complementares ou tratamento. As recomendações para coleta do líquor são divergentes, mas no geral está recomendada se:

- Menores de 6 meses de idade

- Convulsões complexas

- Período pós-ictal prolongado / sinais de depressão do sistema nervoso central

- Déficits neurológicos / sinais focais

- Sinais de uma doença grave subjacente (como meningite)

- Paciente em uso de antibioticoterapia

- Crianças sem imunização adequada.

Nos casos ainda das crises complexas ou na presença de desidratação ou edema podem ainda ser solicitados exames gerais como testes de função hepática e renal e dos níveis séricos de glicose, sódio, cálcio, magnésio e potássio.

Os exames de imagem, como a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada, ficam reservados para os casos de sinais focais tanto durante a convulsão quanto no período pós-ictal, sinais de hipertensão intracraniana, possibilidade de traumatismo cranioencefálico, suspeita de malformação estrutural ou ocorrência de estado de mal epiléptico febril.

Eletroencefalograma pode ser solicitado nos casos em que ocorrem crises recorrentes ou também com características focais.

Resumidamente, é importante lembrar que a convulsão febril é uma condição caracterizada pela ausência de uma causa específica, portanto, a solicitação de exames complementares ocorre quando há suspeita de uma patologia associada com base na evolução clínica do paciente.

Referência Bibliográfica:

Sociedade Brasileira de Pediatria. Crise febril na Infância: Uma revisão dos principais conceitos. Residência Pediátrica. 2018. Disponível em https://cdn.publisher.gn1.link/residenciapediatrica.com.br/pdf/v8s1a03.pdf . Acesso em 01 ago. 2023.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria. 5 ed. Barueri, SP: Manole, 2022.