Condução de Casos de Febre Sem Sinais Localizatórios (FSSL) pela Sociedade Brasileira de Pediatria

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A febre sem sinais localizatórios (FSSL) é uma condição comum na prática pediátrica e pode representar um desafio diagnóstico significativo. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) fornece diretrizes detalhadas para a abordagem de FSSL em diferentes faixas etárias, visando assegurar uma condução adequada e segura. Este texto traz um resumo do fluxograma com as principais recomendações da SBP para a condução de casos de FSSL.

FSSL em Neonatos (até 30 dias de vida)

A febre em neonatos requer uma abordagem cautelosa devido ao alto risco de infecções graves, incluindo sepse bacteriana. Segundo a SBP, todos os neonatos com febre devem ser avaliados extensivamente, incluindo pesquisa de vírus respiratórios, hemograma, hemocultura, urina 1, urocultura, liquor e radiografia de tórax, conforme necessário. A hospitalização é recomendada para observação e tratamento empírico com antibióticos de amplo espectro até que os resultados dos exames estejam disponíveis.

FSSL em Lactentes (1 a 3 meses de idade)

Para lactentes entre 1 e 3 meses de idade, a abordagem pode variar dependendo do risco deste paciente, o que é avaliado através dos Critérios de Rochester. 

Lactentes que preenchem todos os critérios são considerados baixo risco e podem ser reavaliados diariamente. Os considerados de alto risco devem  ser manejados, como os lactentes com menos de 30 dias.

FSSL em Crianças (3 a 36 meses de idade)

Em crianças de 3 a 36 meses, o parâmetro é avaliar a vacinação. Para o protocolo, a vacinação completa consiste em 2 doses de hemophilus influenzae e 2 doses de streptococcus pneumoniae. Para os pacientes com vacinação completa P ou ainda aqueles com vacinação incompleta e febre menor igual a 39 °C, pode ser feita a reavaliação diária e considerada a pesquisa de vídeos respiratórios e a realização de urina urocultura. Para aqueles com vacinação incompleta e febre maior do que 39ºC a investigação através de exames laboratoriais é obrigatória para definição ou descartar foco infeccioso.

FSSL com Comprometimento do Estado Geral

Crianças de qualquer idade com febre e comprometimento do estado geral (letargia, irritabilidade, má perfusão, dificuldade respiratória) requerem uma abordagem agressiva e imediata. A SBP orienta a realização de uma avaliação abrangente com exames laboratoriais e de imagem, além da hospitalização para tratamento com antibióticos de amplo espectro. A rápida identificação e tratamento das infecções graves são cruciais para melhorar o prognóstico nesses pacientes.

A abordagem da febre sem sinais localizatórios varia conforme a idade da criança e o estado geral do paciente. As diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria fornecem um framework valioso para a condução desses casos, ajudando a garantir que os pacientes recebam um cuidado seguro e eficaz. A identificação precoce de infecções graves e o tratamento adequado são essenciais para melhorar os resultados clínicos e reduzir a morbidade associada à FSSL.

Referências

Tratado de pediatria / organização Sociedade Brasileira de Pediatria. - 5. ed. - Barueri [SP] : Manole, 2022.