Compreendendo os Distúrbios de Aprendizagem em Crianças

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Compreendendo os Distúrbios de Aprendizagem em Crianças

Os distúrbios de aprendizagem são condições que afetam a capacidade de uma criança de adquirir e utilizar habilidades acadêmicas, como leitura, escrita e matemática. Esses transtornos têm um impacto significativo no desempenho escolar e na autoestima das crianças, tornando-se um desafio tanto para elas quanto para pais e educadores. Neste artigo, exploramos os principais tipos de distúrbios de aprendizagem, suas características e formas de manejo.

Dislexia

A dislexia é um dos distúrbios de aprendizagem mais conhecidos, caracterizando-se por dificuldades em ler e escrever. Crianças com dislexia podem apresentar lentidão na aprendizagem, dificuldade de concentração, erros na escrita com troca de letras por sons ou grafias parecidas, e dificuldades para soletrar e compreender textos. A Associação Brasileira de Dislexia estima que cerca de 17% da população mundial possui esse transtorno. O tratamento envolve adaptações pedagógicas e atendimento especializado, sem o uso de medicamentos.

Discalculia

A discalculia afeta a habilidade de realizar cálculos matemáticos. Crianças com este transtorno têm dificuldades em entender conceitos numéricos, identificar visual e auditivamente números, contar, compreender sinais matemáticos, e realizar medidas. Estima-se que entre 3% a 6% da população mundial apresente discalculia. O manejo envolve a utilização de materiais concretos e estratégias que reforcem a autoestima do aluno, tornando a aprendizagem positiva e não aversiva​.

Disortografia

A disortografia é um distúrbio de linguagem que afeta a escrita, manifestando-se por meio de erros ortográficos, gramaticais e de redação, mesmo quando a capacidade intelectual da criança é normal. Erros comuns incluem omissões, adições, inversões de letras, e dificuldades com regras ortográficas. A intervenção deve utilizar técnicas que envolvam a percepção auditiva, viso espacial e memória auditiva e visual​.

Disgrafia

A disgrafia é uma dificuldade específica de aprendizagem que afeta a habilidade de escrever à mão. Crianças com disgrafia podem escrever letras ao contrário, ter dificuldade em lembrar como as letras são formadas, ou quando usar letras maiúsculas ou minúsculas. A letra dessas crianças tende a ser deformada, com espaçamento irregular e inconsistências na formação das palavras. A observação das alterações de caligrafia e da habilidade de copiar é crucial para o diagnóstico.

Dislalia

A dislalia é um distúrbio de fala caracterizado pela dificuldade em articular palavras e pronunciar fonemas corretamente. É comum na infância, mas se persistir após os 4 anos, é importante consultar um especialista. A dislalia pode ter influências hereditárias ou resultar de problemas auditivos. O tratamento envolve a avaliação e intervenção de profissionais como pediatras, otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos​.

Transtorno do Processamento Auditivo Central

Também conhecido como Disfunção Auditiva Central, este transtorno afeta as vias centrais da audição, causando dificuldades na detecção e interpretação de informações sonoras. Crianças com esse transtorno podem ouvir bem, mas têm dificuldades em interpretar a mensagem recebida, o que afeta a leitura, escrita e compreensão auditiva​.

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é caracterizado por sintomas como falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Crianças com TDAH podem se machucar frequentemente, demonstrar baixa tolerância à frustração e ter desempenho escolar inferior devido à falta de concentração. O manejo do TDAH envolve uma avaliação detalhada e um acompanhamento transdisciplinar, frequentemente baseado em terapia cognitivo-comportamental​.

Quando uma dificuldade escolar é identificada, é crucial considerar os recursos pedagógicos fornecidos pela escola e alinhar as expectativas da escola e da família em relação ao sucesso escolar. Intervenções escolares e familiares são fundamentais, mas quando não são suficientes, uma avaliação médica completa pelo pediatra é necessária. O encaminhamento adequado e a elaboração de um Plano de Ensino Individualizado (PEI) podem ajudar a superar os desafios do aprendizado​​.

Referência: Sociedade Brasileira de Pediatria. (2023). Vamos falar sobre sucesso escolar? Da sala de aula ao consultório do pediatra. Informativo para as Escolas, Grupo de Trabalho: Educação é Saúde (gestão 2022-2024)