Como melhorar a alimentação do seu paciente no consultório?

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A Sociedade Americana de Cardiologia publicou um statement com estratégias que médicos e profissionais de saúde podem utilizar para orientar seus pacientes na mudança de estilo de vida. Considerando a deficiência que existe no treinamento desses profissionais quanto à ciência do comportamento, a publicação traz técnicas a serem aplicadas durante a consulta para guiarem o processo de mudança.

O modelo de abordagem recomendado é o dos 5 As (Assess, Advise, Agree, Assist, Arrange), o qual foi elaborado com base em estudos de psicologia para mudança de comportamento. Inicialmente, ele foi utilizado para orientar cessação de tabagismo, porém ao longo do tempo foram feitas adaptações para outros hábitos de vida, como alimentação e prática de atividade física, por exemplo.

Os 5 As é um modelo centrado na descrição clara e específica da relevância para o paciente do fator de risco relacionado ao estilo de vida. Posteriormente, entrar em acordo com ele a respeito de um objetivo para modificar o fator de risco; além de aconselhar o paciente sobre formas de alcançar o objetivo acordado e superar barreiras. E, por fim, acompanhá-lo adequadamente ou encaminhá-lo a especialista ou programas especiais de orientações.

O estilo de vida saudável é definido por: manter padrão alimentar saudável, praticar atividade física regularmente, evitar exposição ao tabaco e seus produtos, alcançar quantidade adequada de sono habitualmente, e controlar nível de estresse.

Com relação ao primeiro hábito citado (manter um padrão alimentar saudável), é possível que o médico consiga abordar a rotina de alimentação do paciente em consulta e decidir a conduta pertinente em cada caso. Estudos já demonstraram que quando médicos fazem orientações nutricionais, os pacientes melhoram seu consumo dietético, e apresentam redução de triglicérides, LDL-c e peso corporal.

Seguindo a orientação dos 5 As, os passos para se fazer uma orientação nutricional em consulta seriam:

  1. ASSESS: O primeiro passo é fazer uma avaliação da alimentação do paciente. Ela pode ser realizada através de um questionário entregue antes da consulta que será preenchido pelo próprio paciente, por exemplo. Nele, podem constar perguntas sobre a frequência semanal/diária de consumo de frutas, vegetais, cereais integrais, carnes processadas, doces, frituras e bebidas alcoólicas. O próprio artigo menciona dois questionários americanos que poderiam ser traduzidos e utilizados no Brasil (REAPS - Rapid Eating Assessment for Participants e Starting the Conversation).
  2. ADVISE: Com base na avaliação do consumo alimentar, deve-se orientar o paciente quanto aos riscos à saúde que seus hábitos podem causar, além dos potenciais benefícios provenientes de mudanças positivas.
  3. AGREE: Considerando os hábitos que precisam ser melhorados, faz-se um acordo com o paciente sobre metas tangíveis a serem traçadas (ver maiores detalhes nesse texto). O ideal é começar com poucas metas, pois pode não ser viável para o paciente cumprir muitas de uma vez.
  4. ASSIST: muitos fatores estão envolvidos nas escolhas alimentares, por isso o profissional deve assistir o paciente para antecipar desafios e obstáculos no cumprimento das metas.
  5. ARRANGE: deve ser descrito um plano de acompanhamento para verificar o progresso do paciente ao longo do tratamento. Fazer orientações alimentares eficazes consome tempo. Sendo assim, encaminhar o paciente a um nutricionista especializado é uma conduta prudente para o manejo de risco CV associado à alimentação, especialmente quando há sobrepeso e obesidade.

Fonte:

KRIS-ETHERTON, Penny M. et al. Strategies for Promotion of a Healthy Lifestyle in Clinical Settings: Pillars of Ideal Cardiovascular Health: A Science Advisory From the American Heart Association. Circulation, 2021.