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Como medir a fragilidade de um paciente?
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
1/10/2015
Um termo cada vez mais utilizado em geriatria é o de fragilidade. O termo refere-se à incapacidade, parcial ou total, do paciente realizar atividades cotidianas básicas como comer sozinho ou tomar banho. Qual a importância disto para o cardiologista? Vários estudos vêm mostrando que pacientes com grau mais elevado de fragilidade apresentam pior prognóstico ao serem submetidos a procedimentos invasivos, como angioplastia por exemplo. A maioria dos médicos já se deparou com a situação de ter um paciente com uma nítida indicação de procedimento (ex: necessidade de revascularização miocárdica em paciente com lesão de tronco de coronária esquerda) mas achar que o mesmo não aguenta o procedimento devido ao status clínico debilitado. O problema é que muitas vezes esta avaliação termina sendo muito subjetiva. Para tentar tornar esta graduação mais uniforme e objetiva, vários escores de fragilidade já foram estudados. O que a AHA recomenda no seu guideline de valvopatias publicado em 2014 engloba dois pontos importantes:
1- capacidade de realizar 6 atividades básicas sem ajuda: comer, vestir-se, tomar banho, usar o banheiro, locomover-se e ter continência urinária.
2- capacidade de andar uma distância de 5 metros em menos de 6 segundos sem ter ajuda e sem usar nenhum tipo de aparato (ex: bengala)
Caso o paciente consiga fazer os 2 ítens, considera-se como não tendo fragilidade. Se não conseguir realizar 1 das atividades do primeiro item OU não conseguir realizar o segundo item - fragilidade discreta. Caso não consiga realizar 2 ou mais atividades do primeiro item - fragilidade moderada/importante. Pacientes deste último grupo, por exemplo, são considerados como de alto risco para cirurgia cardíaca independente de qualquer outro fator. Como se vê, o termo fragilidade tem que ser conhecido e usado não apenas por geriatras, mas por todos os médicos que atendem pacientes adultos.