Compartilhe
Como descobrir a causa da parada cardiorrespiratória pelo traçado eletrocardiográfico?
Escrito por
Pedro Barros
Publicado em
10/11/2016
Obter o retorno da circulação espontânea (RCE) numa parada cardiorrespiratória (PCR) é bastante desafiador, especialmente em ritmos não-chocáveis como assistolia e atividade elétrica sem pulso (AESP).
Identificar a causa da PCR (e corrigi-la) é um ponto considerado chave por duas razões:
- Aumenta a chance de RCE (especialmente nos ritmos não-chocáveis)
- Pode prevenir nova PCR após RCE.
A identificação da causa da PCR se baseia na busca dos 5 Hs e 5 Ts, a qual é feita geralmente pelo histórico do paciente uma vez que a avaliação clínica é muito limitada tanto durante a PCR como no período imediato após RCE. Uma ferramenta que pode ajudar nesse diagnóstico diferencial é o traçado eletrocardiográfico identificado, o qual poderia dar “pistas” da causa da PCR conforme descrito abaixo:
Hipóxia: Bradicardia
Hipovolemia: Taquicardia com QRS estreito (sinusal)*
H+ (acidose): QRS de baixa amplitude
Hipotermia: Onda J de Osborn
Hipocalemia: QRS largo com onda T plana, onda U proeminente e QT longo
Hipercalemia: QRS largo com onda T apiculada, P pequena e padrão sinusoidal
Tamponamento: Taquicardia com QRS estreito (sinusal)* + alternância elétrica
Tromboembolismo pulmonar: Taquicardia com QRS estreito (sinusal)* + S1Q3T3
Trombose coronária: Alterações isquêmicas de ST e T
Pneumotórax: Taquicardia com QRS estreito (sinusal) ou bradicardia a depender do que predomine em cada caso (redução de pré-carga ou hipóxia, respectivamente).
Toxina: Variável de acordo com intoxicação mas comumente há QT longo
* Casos de AESP que iniciaram como taquicardia (Ex: hipovolemia), podem evoluir com queda da frequência cardíaca e assistolia na persistência da PCR.
Dica adicional: Além de ajudar no diagnóstico diferencial da causa da PCR, o ECG é útil também para definir prognóstico: QRS largo e com baixa frequência tem pior sobrevida que os casos com QRS estreito e frequência cardíaca normal/alta.