Betabloqueadores podem causar hipercalemia?

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Betabloqueadores podem causar hipercalemia?

Sim, certos tipos de betabloqueadores podem causar hipercalemia. Como?

Dica: Para memorizar de forma fácil que os receptores adrenérgicos participam na cinética do potássio basta lembrar que uma das medidas realizadas para baixar o potássio sérico em pacientes com hipercalemia é a nebulização com beta2 agonistas. Isto porque ao ativar os receptores beta 2 adrenérgicos estas medicações aumentam o fluxo de K extracelular para dentro das células, o que diminui os níveis séricos do íon sem contudo alterar os níveis totais de potássio no organismo.

Bem, se o estímulo beta 2 manda K para dentro das células, o bloqueio beta 2 faz o contrário. Este efeito colateral fica restrito aos betabloqueadores não seletivos, ou seja, os que bloqueiam tanto os receptores beta 2 quanto beta 1 (ex: propranolol). Os agentes cardiosseletivos (bloqueiam apenas os receptores beta 1) como o atenolol não provocam tal efeito adverso.

O efeito hipercalêmico dos agentes não cardiosseletivos costuma ser relevante na prática clínica? Não, A quantidade total de potássio no corpo não é alterada e caso a função renal esteja normal a carga extra de potássio que fica no extra-celular costuma ser eliminada na urina. Normalmente o aumento do potássio sérico não costuma exceder 0,5 mEq/L. Contudo, em situações específicas como aumento importante de entrada de K na dieta, doença renal crônica em fase terminal, hipoaldesteronismo (que já aumenta per si os níveis séricos de K) estes aumentos podem ser mais relevantes e causar problemas ao paciente.

DICA: em pacientes com doença renal crônica em estágio avançado que precisam usar betabloqueadores, preferir o uso de agentes cardiosseletivos.

Fonte: Uptodate. Major side effects of beta blockers.