Compartilhe
Atualização sobre manejo da Doença Renal do Diabetes
Escrito por
Ícaro Sampaio
Publicado em
24/7/2024
Neste mês de julho, a Sociedade Brasileira de Diabetes lançou a versão 2024 da sua diretriz, com a atualização do capítulo sobre Doença Renal do Diabetes (DRD). Abordaremos a seguir os principais pontos sobre o manejo dessa condição:
Ajustes dietéticos
Nos casos de pacientes com DRD e taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) entre 15 e 30 mL/min ou abaixo de 15 mL/min, não dialítico, deve ser realizada restrição de proteínas da dieta em 0,8g/kg de peso ideal/dia. Além disso, se o paciente for portador de hipertensão arterial, recomenda-se um limite de ingestão de sódio em até 1,5 g/dia, ou de sal, em até 3,75 g/dia.
Prescrição dos Inibidores do SGLT2
Em pacientes com relação albumina/creatinina na urina (RAC) maior ou igual a 30 mg/g, a terapia inicial com inibidores do SGLT2 é recomendada, independentemente da HbA1c. Da mesma maneira, se TFGe entre 30 e 60 mL/min/1,73m², os iSGLT2 são recomendados independentemente da RAC ou da HbA1c.
A empagliflozina e a dapagliflozina não deverão ser iniciadas com TFGe menor que 20 e menor que 25/min/1.73m2, respectivamente.
Quando o paciente já se encontra em uso de uma gliflozina e evolui com TFGe menor que 20mL/min/1,73m², pode ser considerada manutenção do medicamento.
Agonistas de Receptor de GLP-1 (NOVIDADE)
Em pacientes DM2 com DRD, TFGe maior que 25 mL/min/1,73 m2 e RAC maior que 100mg/g, a semaglutida deve ser considerada para redução de desfechos renais. No estudo FLOW, a semaglutida 1,0 mg/semana em comparação com o placebo, demonstrou uma redução estatisticamente significativa e superior na progressão da doença renal, bem como na mortalidade cardiovascular e renal de 24%.
Inibidores da ECA / Bloqueadores dos receptores da angiotensina II
O uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) ou de bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA) é recomendado para pacientes que apresentem RAC >30mg/g, com o objetivo de reduzir a progressão da doença renal, independentemente dos níveis da pressão arterial. Se paciente DM, portador de DRD,tem também hipertensão, o uso de IECA/BRA é preferencial.
Finerenona
O uso de antagonistas não-esteroidais do receptor mineralocorticoide (finerenona) deve ser considerado para proteção renal, independentemente da pressão arterial, e em associação a doses máximas toleradas de IECA ou BRA, nos pacientes com DRD e TFGe entre 25 e 60 mL/min/1,73 m², RAC maior que 30 mg/g e potássio sérico menor ou igual a 5,0 mEq/L.
Referência
João Roberto Sá, Luis Henrique Canani, Érika Bevilaqua Rangel, Andrea Carla Bauer, Gustavo Monteiro Escott, Themis Zelmanovitz, Sandra Pinho Silveiro, Carolina de Castro Rocha Betônico, Márcio Weissheimer Lauria, Rodrigo Nunes Lamounier, Thyago Proença de Moraes. Avaliação e tratamento da doença renal do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024).