Aspirina ainda tem algum papel na prevenção primária? Quando usar?

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No ano passado saíram vários estudos que questionaram o papel do uso de AAS na prevenção primária de eventos cardiovasculares. Segundo estes trabalhos o benefício encontrado com a diminuição de eventos cardiovasculares novos era praticamente anulado pelo aumento de sangramento com o uso da medicação. O que fazer então na prática?

A recomendação mais recente sobre o assunto é da USPSTF (US preventive service task force) que diz o seguinte:

1- AAS na prevenção primária em homens diminui IAM mas não AVCi

2- ASS na prevenção primária em mulheres diminui AVCi mas não IAM

3- Em ambos os gêneros o AAS aumenta sangramento

4- Para saber se vale a pena usar o não a medicação deve-se avaliar o risco de sangramento x benefício de prevenir eventos isquêmicos.

Ex: para cada 1.000 homens de 62 anos e framingham de 9% tratados com AAS eu vou prevenir 29 infartos mas vou causar 25 sangramentos (incluindo 1 AVCH) - ou seja, neste grupo valeria a pena usar a medicação.

No caso das mulheres o benefício se dá através da diminuição de AVCi, como mencionado, e assim o framingham não é tão acurado já que mede principalmente eventos coronarianos. Assim, deve-se medir o risco de AVCi em 10 anos - só entrar na página - www.westernstroke.org/PersonalStrokeRisk1.xls

para resumir: olhar a tabela abaixo - se o seu paciente se enquadrar nos grupos abaixo - usar aas 100 mg/d. Se não - não usar.

OBS: este cálculo considera a população geral. Caso você esteja avaliando um indivíduo em particular com risco de sangramento aumentado (ex: uso de AINES cronicamente, passado de hemorragia digestiva, úlcera péptica em atividade, hepatopatia com coagulopatia, uso crônico de anticoagulantes orais, etc) - este cálculo não é válido para este pcte.

referência: http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspsasmi.htm