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ASC-US e ASC-H: condutas orientadas pelo Ministério da Saúde
Escrito por
Jader Burtet
Publicado em
20/11/2023
As atipias em células escamosas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas (ASC-US) são alterações citológicas frequentes nos resultados de colpocitologia oncótica. Correspondem a alterações que podem ser decorrentes de modificações na microbiota vaginal, vulvovaginites, hipoestrogenismo ou mesmo ao efeito citopático do vírus HPV sem correspondência para alterações neoplásicas. Em pacientes com esse achado, a chance de lesões de alto grau (NIC 2 ou 3) é muito baixa. Por esse motivo, a recomendação oficial do Ministério da Saúde é: em pacientes com 30 anos ou mais, repetição do exame a cada 6 meses; já naquelas entre 25 e 29 anos, a repetição deve ser com um intervalo de um ano. Caso o segundo exame seja compatível com ASC-US ou lesão mais grave, a colposcopia estará indicada. Se a paciente apresentar achados maiores à colposcopia, a biópsia deverá ser realizada. Caso apresente achados menores, a biópsia só será indicada se paciente tiver 30 anos ou mais ou possuir história de qualquer lesão neoplásica prévia no colo uterino.
O achado histológico de NIC 2 ou 3 em pacientes com citologia compatível com ASC-US é muito raro. Todavia, quando está presente, a excisão da zona de transformação (com alça diatérmica ou bisturi) é a conduta que costuma ser realizada. Alguns estudos têm mostrado que as taxas de regressão espontânea das lesões de alto grau são grandes em pacientes mais jovens. Portanto, esta é uma possibilidade a ser considerada, mas deve ser uma decisão tomada em conjunto com a paciente.
Nas pacientes menores de 25 anos, não existe recomendação de rastreio do câncer de colo uterino. Todavia, caso tenha sido realizado e a citologia evidenciar ASC-US, a conduta indicada pelo Ministério da Saúde é repetir o exame em 3 anos.
As atipias em células escamosas de significado indeterminado em que não se pode excluir lesão de alto grau (ASC-H) é um achado com maior probabilidade de NIC 2 ou 3. Nesses casos, a colposcopia será de indicação imediata, independentemente da idade da paciente. Nos casos de achados colposcópicos maiores, a conduta excisional (método Ver e Tratar) é uma possibilidade. A outra possibilidade é realizar a biópsia e aguardar o resultado para definir a indicação de excisão da zona de transformação. Na presença de achados menores na colposcopia, a biópsia deverá ser proferida.
Nos casos de ASC-H com colposcopia sem lesões, a conduta varia conforme a visualização ou não da Junção Escamo Colunar (JEC). Quando ela não for visível, a orientação é realizar a coleta endocervical com cytobrush ou curetagem de canal. Nos casos de JEC visível e nenhuma anormalidade, a colpocitologia deverá ser repetida em 6 meses.
Fonte:
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2016. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/diretrizes-brasileiras-para-o-rastreamento-do-cancer-do-colo-do-utero. Acesso em: 01 nov. 2023.