Compartilhe
Aprenda A Usar Dapsona Na Dermatologia
Escrito por
Alvaro Alves
Publicado em
19/7/2022
A dapsona (4,4 diaminodifenilsulfona) é uma droga que faz parte da classe das sulfonas, uma classe muito utilizada como antimicrobianos no passado. Como medicação antimicrobiana de ação bacteriostática é essencial no esquema poliquimioterápico (PQT) para Hanseníase e também como alternativa ao Sulfametoxazol-Trimetoprim na profilaxia da pneumonia por Pneumocistis jirovecci em pacientes imunossuprimidos.Na dermatologia, seu uso é muito mais amplo pelos de seus efeitos imunomoduladores. Em doenças inflamatórias uma importante conexão que temos que fazer é: Dapsona atua sobre neutrófilos e eosinófilos! A dapsona inibe adesão de neutrófilos e promove redução da IL8, importante para a inflamação mediada por essas células. A adesão da IgA também é inibida por esta droga.Doenças em que a dapsona é útil no tratamento incluem:
- Doenças neutrofílicas: síndrome de Sweet, pioderma gangrenoso, dermatose neutrofílica do dorso das mãos, pustulose erosiva do couro cabeludo.
- Doenças imunobolhosas: dermatite herpetiforme, dermatose por IgA linear, penfigóide bolhoso, epidermólise bolhosa adquirida, lúpus bolhoso, pênfigo vulgar, pustulose subcórnea.
- Síndromes das vasculites de pequenos vasos: eritema elevado diultinum, urticária vasculite.
- Infecciosas: hanseníase, profilaxia de infecção por P. jirovecci, malária, toxoplasmose.
- Doenças eosinofílicas: síndrome de Wells, foliculite eosinofílica.
Não temos preparações industrializadas à venda no Brasil. Pode ser adquirida em farmácias de manipulação ou em programas de tratamento de hanseníase pelo SUS. As doses utilizadas giram em torno de 50 – 200mg/ dia.O efeito colateral mais comum é a anemia hemolítica. Em pacientes com deficiência de G6PD anemia grave pode ocorrer, devendo-se dosar essa enzima antes do tratamento sempre que possível. Agranulocitose é efeito raro. Outro efeito colateral comum é a elevação de transaminases. Efeitos colaterais graves incluem a síndrome sulfona, que é uma reação idiossincrásica tipo DRESS motivada por esta droga. Há febre, linfonodomegalia, rash, eosinofilia e danos teciduais como hepatite e nefrite, por volta de 4-6 semanas após a sua introdução. A metahemoglobinemia é um quadro que surge pela incapacidade dos mecanismos redutores de hemoglobina compensarem a oxidação causada pela dapsona,logo pacientes com deficiência de G6PD são mais propensos a desenvolver o quadro.Deve ser evitada em pessoas com hipersensibilidade à droga ou a sulfas e usada com muita cautela nos portadores de deficiência da glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), no diabetes mellitus descompensado e insuficiência hepática. A G6PD deve ser dosada antes do início do uso e os principais exames para controle de efeitos colaterais são o hemograma e as transaminases.Na gestação a Dapsona é categoria C, devendo ser usada quando os riscos são menores que o benefício, na Hanseníase o esquema de PQT, por exemplo, não muda.Fonte:Bolognia. Dermatology. 4th ed.Ghaoui N, Hanna E, Abbas O, Kibbi A, Kurban M. Update on the use of dapsone in dermatology. International Journal of Dermatology [Internet]. 2020 Jul 7;59(7):787–95. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ijd.14761