Alimentação Complementar para Lactentes: Orientações Baseadas em Evidências para Pediatras

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A alimentação complementar é um passo fundamental no desenvolvimento infantil, e a introdução correta dos alimentos sólidos, além do leite materno, desempenha um papel crucial na promoção da saúde e na prevenção de doenças ao longo da vida. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) oferece diretrizes claras para orientar os pediatras e garantir que os lactentes recebam a nutrição adequada durante essa fase crítica.

1. Época de Introdução da Alimentação Complementar

A alimentação complementar deve ser introduzida por volta dos seis meses de vida, quando a criança demonstra sinais de prontidão, como a capacidade de se sentar com apoio e o interesse por alimentos. É importante que o pediatra avalie individualmente cada lactente para determinar o momento ideal para iniciar a introdução dos alimentos.

2. Tipo de Alimento

Os alimentos oferecidos ao lactente devem ser os mesmos consumidos pela família, com ajustes na consistência para garantir a segurança e facilitar a aceitação. Isso significa que os alimentos devem ser amassados, picados ou cortados em pedaços adequados à capacidade de mastigação do bebê.

3. Frequência Alimentar Mínima

A frequência alimentar deve ser ajustada à idade do lactente:

  • Aos 6 meses: Introduzir uma refeição principal e uma fruta uma vez ao dia.
  • Aos 7 meses: Aumentar para uma refeição principal e uma fruta duas vezes ao dia.

Essa progressão gradual ajuda o bebê a se adaptar aos novos alimentos enquanto ainda recebe o leite materno ou fórmula infantil.

4. Consistência das Refeições Principais

As refeições principais devem ser compostas por alimentos amassados ou em pedaços, permitindo que o bebê explore diferentes texturas e desenvolva suas habilidades de mastigação. É importante que a consistência dos alimentos seja adequada à capacidade de mastigação e deglutição do lactente.

5. Diversidade Alimentar

A diversidade alimentar é essencial para garantir que o lactente receba todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. É recomendável oferecer pelo menos cinco grupos alimentares diferentes ao dia, incluindo cereais, leguminosas, frutas, verduras, carnes e ovos.

6. Consumo de Frutas, Hortaliças, Ovos e Carnes

O consumo diário de frutas, hortaliças, ovos e carnes é fundamental para fornecer as vitaminas, minerais e proteínas necessárias para o crescimento saudável do lactente. Esses alimentos devem ser introduzidos de forma gradual e variada, garantindo uma nutrição equilibrada.

7. Consumo de Água

A água pura deve ser oferecida diariamente a partir da introdução da alimentação complementar, para garantir a hidratação adequada do lactente. Evite o uso de sucos, refrigerantes e outras bebidas adoçadas.

8. Evitar Alimentos Ultraprocessados, Doces e Bebidas Adoçadas

Alimentos ultraprocessados, doces e bebidas adoçadas não devem ser oferecidos antes dos dois anos de idade. Esses produtos contêm altos níveis de açúcar, sódio e gorduras, que podem prejudicar a saúde do lactente e aumentar o risco de doenças crônicas na vida adulta.

9. Oferta de Alimentos de Forma Responsiva e Sensível

A alimentação complementar deve ser conduzida de forma responsiva e sensível, respeitando os sinais de fome e saciedade do bebê. Isso significa observar atentamente as reações da criança durante as refeições, oferecendo o alimento de maneira calma e sem forçar a ingestão.

10. Manter o Aleitamento Materno

Sempre que possível, o aleitamento materno deve ser mantido durante a introdução da alimentação complementar. O leite materno continua sendo uma fonte importante de nutrientes e proteção imunológica, mesmo após os seis meses de vida.

Referências:

Sociedade Brasileira de Pediatria. Alimentação Complementar para o Lactente Saudável. Guia Prático de Atualização. 2024. Disponível em https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/24579c-GPA_-_Alim_Compl_p_Lactente_Saudavel.pdf. Acesso em 21 de agosto de 2024.