Agentes incretínicos no tratamento da ICFEP

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A insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP) é uma condição complexa que tem se tornado cada vez mais prevalente, especialmente entre pacientes obesos. A ICFEP já é responsável pela maioria dos casos de IC e estima-se que cerca de 60% dos pacientes com ICFEP nos EUA também tenham obesidade. Agentes farmacológicos como os inibidores da ECA e os bloqueadores da angiotensina, beta-bloqueadores e a espironolactona não demonstraram redução de desfechos na ICFEP e os inibidores do SGLT2 reinavam absolutos como única classe que atingiu benefícios. Nesse cenário, os agentes incretínicos vem ganhando destaque.

Os agonistas incretinicos, incluindo a semaglutida e a tirzepatida, atuam aumentando a secreção de insulina, diminuindo a secreção de glucagon, retardando o esvaziamento gástrico e reduzindo o apetite pela sinalização hipotalâmica, tendo excelentes resultados no tratamento do diabetes e da obesidade. Além disso, esses agentes têm demonstrado benefícios diretos na função cardiovascular, possivelmente devido à melhoria da resistência à insulina e à redução da inflamação sistêmica, com impactos diretos no processo aterosclerótico.

No estudo STEP-HFPEF, a semaglutida, titulada até a dose de 2,4mg, levou a melhora dos sintomas de IC e de qualidade de vida, além de redução significativa no peso corporal (até 13,3%), melhora no teste de caminhada e redução de marcadores inflamatórios (PCR).

Mais recentemente, foram apresentados os resultados iniciais do estudo SUMMIT, com a tirzepatida, em uma população com ICFEP e obesidade. Os dados preliminares apontam redução de 38% no desfecho primário composto (hospitalização por IC ou necessidade de ida à emergência, aumento de diuréticos e morte cardiovascular). Além disso, também foi relatada melhora dos sintomas medida pelo escore KCCQ, aumento da distância no teste de caminhada e redução nos níveis de PCR e outros marcadores inflamatórios, resultados similares aos da semaglutida. O destaque vai também para a redução de até 15,8% no peso corporal.

Os dados reforçam a importância do tratamento farmacológico da obesidade, com redução efetiva do peso corporal, para a redução de desfechos nos pacientes com ICFEP. Aguardamos a publicação dos resultados completos.