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A Ressonância Cardíaca é capaz de determinar injúria miocárdica aguda?

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A Ressonância Cardíaca é capaz de determinar injúria miocárdica aguda?

Já é bem conhecido o ótimo desempenho que a ressonância magnética cardíaca (RMC) apresenta para análise dos parâmetros morfológicos e funcionais do coração, amplamente validada na quantificação dos volumes, massa e função dos ventrículos. Dentre as sequências disponíveis para avaliação da caracterização tecidual pela RMC, a técnica do realce tardio já é bastante difundida e nos permite através da sua localização e extensão a análise de viabilidade miocárdica e diagnósticos etiológicos de miocardiopatias.

Uma outra avaliação tecidual que a RMC nos fornece é a análise do edema (= inflamação) miocárdico. Tal achado está presente em injúrias agudas (ex: IAM, miocardite, rejeição aguda de transplante cardíaco...). Esta sequência é adquirida através de imagens ponderadas em T2 que identificam o edema secundário ao processo inflamatório. Quanto maior for o conteúdo líquido de determinado tecido, maior será sua intensidade de sinal (figura 1). Dessa forma, essa técnica é utilizada para identificar injúria miocárdica aguda. Em geral, o edema miocárdico pode ser observado até 2 a 3 semanas do evento.

Um exemplo prático:

Paciente masculino de 40 anos deu entrada na emergência com quadro de IVAS associado a dor torácica. Refere antecedente de miocardite prévia em 2009. ECG sem alterações e enzimas cardíacas alteradas.

Devido à suspeita de novo quadro de miocardite, paciente foi encaminhado para realização de RMC. O exame demostrou mais de um foco de fibrose miocárdica de padrão inflamatório (VIDE post prévio) em diferentes segmentos cardíacos. Como diferenciar qual desses focos de fibrose miocárdica é secundário ao evento prévio e qual é referente ao processo atual? Simples... no segmento cardíaco da injúria miocárdica atual teremos edema miocárdico além da fibrose (figura 2). No evento prévio teremos apenas a fibrose sem edema (figura 3).

Em Resumo...

  • A RMC através de através de imagens ponderadas em T2 avalia a presença/ausência de edema miocárdico.
  • A presença do edema miocárdico identifica injúria miocárdica aguda.

Referência:

Sara L, Szarf G, Tachibana A, Shiozaki AA, Villa AV, Oliveira AC et al. II Diretriz de Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e do Colégio Brasileiro de Radiologia. Arq Bras Cardiol: 2014; 103(6 supl.3): 1-86.