A neoplasia mais comum da infância: leucemia linfoblástica aguda.

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As leucemias são as neoplasias mais comuns na faixa etária pediátrica, sendo que em quase 80% dos casos trata-se de leucemia linfoblástica aguda (LLA). Embora não haja uma etiologia definida para as leucemias, no geral, os principais fatores de risco que podem estar relacionados às leucemias como um todo são o tabagismo, tanto materno quanto paterno, síndromes genéticas, principalmente a síndrome de Down, uso prévio de agentes quimioterápicos ou radiação ionizante.

A leucemia linfoide aguda é rara no recém-nascido e a faixa etária mais comum de aparecimento é entre 2 a 5 anos de idade. A síndrome de Down está relacionada a um risco 20 vezes maior de desenvolvimento de leucemias agudas em relação à população em geral. Além da leucemia linfoblástica aguda, os pacientes portadores de síndrome de Down também têm uma incidência significativa de leucemia mieloide aguda megacarioblástica (M7).

Os sintomas iniciais mais frequentes que alertam para a possibilidade de leucemias linfoblásticas agudas são: dor óssea, principalmente nos membros inferiores e de difícil controle; febre; palidez e astenia. Além disso, o paciente ainda pode apresentar irritabilidade; dores articulares, sem sinais de artrite, petéquias ou hematomas e sangramentos (em geral, cutâneo-mucosos), entre outros.

Além da história e do exame físico, em que podem ser frequentemente observadas a hepatomegalia, a esplenomegalia e a linfonodomegalia generalizada, o paciente pode apresentar hemograma com anemia, praticamente em todos os casos, plaquetopenia e contagem variável de leucócitos (normal, leucocitose ou leucopenia). Na presença de bicitopenia sem causa definida, deve ser realizado o mielograma (aspirado de medula óssea), e o diagnóstico de Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é definido pela presença, na medula óssea, de mais de 25% de blastos de linhagem linfoide. Outros exames realizados a partir da punção medular é a imunofenotipagem, para avaliação dos marcadores dos blastos, e exames moleculares/genéticos, como a citogenética e biologia tumoral. O objetivo é a melhor caracterização da doença,

O tratamento é sempre baseado em protocolos multicêntricos preestabelecidos (e cada serviço optado por protocolos específicos) mas, no geral, consiste em quimioterapia sistêmica e intratecal, essa para profilaxia de acometimento do Sistema Nervoso Central), com duração média de 24 e 30 meses. O transplante alogênico de medula óssea é reservado para casos selecionados, como falha indutória, recaída precocemente, translocações gênicas específicas.

Na suspeita de LLA, o médico não deve prescrever corticosteroides, pois eles diminuem a quantidade de blastos, o que pode atrasar a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento específico. Estudos mostram que crianças com LLA que receberam corticoide antes do diagnóstico, são consideradas de alto risco e recebem tratamentos mais agressivos.

Referência Bibliográfica: BRASIL. Tratado de pediatria. Organização Sociedade Brasileira de Pediatria - 5 ed. Barueri, SP: Manole, 2022. See More