A criança está pronta para o desfralde?

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O treinamento esfincteriano é um marco importante no desenvolvimento físico e psicológico das crianças, que desafia as famílias a lidar com a busca por autoafirmação e a expectativa de continência precoce. Apesar da escassez de evidências científicas, a conscientização da criança sobre suas necessidades elimina a necessidade de lembretes ou preparo dos pais.

A abordagem orientada para a criança é recomendada, permitindo que os pequenos iniciem o treinamento quando estiverem prontos. Contudo, nas últimas décadas, a idade média de conclusão do treinamento aumentou, devido a diversos fatores, exigindo que os médicos pediatras estejam aptos a orientar as famílias de acordo com as particularidades de cada criança.

Independentemente da idade, o início do desfrade deve ser realizado quando a criança está pronta para entender este processo. De acordo com o documento da Sociedade Brasileira de Pediatria em conjunto com a Sociedade Brasileira de Urologia (2019), os sinais de prontidão para o desfralde são:

  • Imitar o comportamento dos pais ou de cuidadores;
  • Desejar agradar;
  • Desejar ser autônomo: insistir em concluir tarefas sem ajuda e orgulhar-se de novas habilidades;
  • Andar e estar apta a sentar de modo estável e sem ajuda;
  • Pegar pequenos objetos;
  • Capaz de dizer NÃO como sinal de independência;
  • Entender e responder a instruções e seguir comandos simples;
  • Saber puxar as roupas para cima e para baixo;
  • Possuir um vocabulário simples referente ao treinamento esfincteriano;
  • Usar palavras, expressões faciais ou movimentos que indicam a necessidade de urinar ou evacuar;
  • Mostrar interesse em outras pessoas que estejam usando o banheiro;
  • Ficar seco por duas horas ou mais durante o dia;
  • Dizer que está “fazendo xixi” no momento da micção, em geral nos banhos;
  • Dizer aos pais que acabou de urinar ou evacuar em pequena quantidade na fralda e se incomodar com a fralda molhada. Tentar retirar fralda molhada ou pedir para ser trocado (consciência física);
  • Não querer usar fraldas ou mostrar interesse em cuecas ou calcinha;
  • Conseguir ficar parada no penico ou vaso sanitário por 3 a 5 minutos;
  • Permanecer brincando com a mesma atividade por mais de 5 minutos;
  • Ser capaz de apontar o que deseja;
  • Ter iniciado a comunicação por palavras ou frases simples;
  • Não apresentar atrasos nos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor, segundo escalas validadas internacionalmente;
  • Compreender e seguir os comandos simples.

O treinamento esfincteriano mudou ao longo dos anos e com base em diferentes culturas, sobretudo a abordagem ocidental centrada na criança. O papel do pediatra é proativo, oferecendo aconselhamento antecipatório, avaliando sinais de prontidão a partir dos 24 meses de idade, educando os pais e estabelecendo metas para acompanhamento.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. Treinamento esfincteriano. Manual de Orientação. 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22076c-MO_-_Treinamento_Esfincteriano.pdf . Acesso em: 29 set. 2023.