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Ressincronização cardíaca - só se o QRS for >150 ms??
Escrito por
Eduardo Lapa
Publicado em
23/6/2011
Metanálise recentemente publicada no Arquives of Internal Medicine sugere que o uso de ressincronização cardíaca só apresenta vantagens em pctes com QRS acima de 150 ms. Os pctes com QRS entre 120 e 150 ms não mostraram melhora de sobrevida neste estudo. Nos estudos avaliados na metanálise, 4 em cada 10 pctes que receberam o ressincronizador possuíam QRS entre 120 e 150 ms. Neste grupo de pctes, além de não prover benefícios, o implante do ressincronizador pode ainda causar iatrogenias (sangramento, infecção, etc).
A metanálise englobou 5 estudos grandes sobre o assunto ( COMPANION, CARE-HF, REVERSE, MADIT-CRT, RAFT). End-point avaliado - mortalidade geral + internações por qualquer causa e por ICC. No grupo com QRS entre 120 e 150 ms - não houve diferença estatística. No grupo com QRS >150 ms - diminuição de 40% nos desfechos.
Pontos fracos do estudo:
1- É uma metanálise e assim sendo geralmente não traz a evidência suficiente para mudar os guidelines mas sim gera hipóteses para serem confirmados em um grande ensaio clínico.
2- Não se avaliou a melhora dos sintomas de ICC. Mesmo que não altere mortalidade e internações, se o dispositivo melhorar em muito a qualidade de vida dos pctes ele continua tendo indicação de ser implantado.
Atualmente as diretrizes da SBC de dispositivos implantáveis coloca como classe I as 2 indicação para a ressincronização cardíaca:
Classe I
1. Pacientes com FE ≤ 35%, ritmo sinusal, IC com CF III
ou IV, apesar de tratamento farmacológico otimizado e com
QRS > 150ms
2. Pacientes com FE ≤ 35%, ritmo sinusal, IC com CF III
ou IV, apesar de tratamento farmacológico otimizado, com
QRS de 120 a 150ms e comprovação de dissincronismo por
método de imagem -