2010: Os avanços na Insuficiência Cardíaca (IC)

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Tentaremos resumir em 10 itens os avanços mais relevantes em insuficiência cardíaca (IC) apresentados em trabalhos científicos no ano de 2010.

  1. Antagonista de aldosterona: possivelmente o resultado mais impactante do ano. O estudo EMPHASIS-HF mostrou o benefício do uso de eplerenone em pacientes com IC com disfunção sistólica e com classe funcional II. Acreditando em um efeito de classe, poderíamos utilizar essa evidência para o uso de espironolactona para todos pacientes com esse perfil.
  2. Losartan dose alta x dose baixa: o estudo HEAAL mostrou que o uso de Losartan 150mg por dia foi melhor que 50mg por dia (reduziu taxa de morte e hospitalização).
  3. Ferro para IC? O estudo FAIR-HF mostrou que o tratamento com ferro endovenoso em pacientes com IC crônica de deficiência de ferro (independente de anemia) melhorou sintomas, capacidade funcional e qualidade de vida.
  4. Devemos manter betabloqueador em IC aguda? Estudo mostrou que continuar betabloqueador na fase aguda da IC descompensada não teve nenhum impacto negativo na evolução e mostrou uma maior taxa de uso de betabloqueador em 3 meses, cujos benefícios já conhecemos.
  5. E betabloqueador em paciente com DPOC? Estudo testou iniciar bisoprolol em DPOC moderado a grave. Houve redução do volume expiratório forçado no 1 seg, mas não se correlacionou com piora dos sintomas ou qualidade de vida.
  6. E a ivabradina? O estudo SHIFT mostrou que o uso de ivabradina associado ao tratamento padrão melhorou desfechos em IC. Mas o seu uso associado aos betabloqueadores ainda está incerto (muitos nesse estudo não estavam adequadamente betabloqueados).
  7. Miocardiopatia peri-parto: avaliação genética em pacientes com esse diagnóstico mostrou que algumas apresentavam mutações genéticas, às vezes características de cardiomiopatia dilatada familiar, e que algumas tinham familiares de 1º grau com CMP dilatada assintomática. Isso nos faz pensar se não devemos fazer um screening em familiares de 1º grau de pacientes com miocardiopatia periparto.
  8. Biomarcadores: uma análise recente com biomarcadores tradicionais (troponina T, BNP, PCR) mostrou que a avaliação de 2 biomarcadores em combinação é melhor do que a avaliação isolada de um deles. Quanto ao manejo de pacientes com IC baseado em biomarcadores, ainda faltam evidências – os estudos BATTLESCARRED e RED HOT II apresentaram resultados neutros.
  9. Avaliação de risco: o uso de estudos de imagem miocárdica com iodino-123 meta-iodobenzilguanidina auxiliou na avaliação de risco prognóstico de eventos adversos em IC, mas seus custos elevados limitam seu uso rotineiro. Uma alternativa mais em conta para avaliar prognóstico foi feita utilizando teste ergométrico e avaliando o tempo de exercício durante o protocolo de Naughton. A mudança de 1 minuto de exercício foi relacionada com um aumento de 7% do risco de morte.
  10. Epidemiologia: estudo de coorte finlandês, que acompanhou cerca de 60.000 pessoas, mostrou que realmente pessoas com índice de massa corpórea (IMC) elevado e obesidade abdominal tem maior risco de desenvolver IC independente de outros fatores de risco, e que a atividade física tem papel protetor, independente do IMC.

Referência: Owens AT, Jessup M. The Year in Heart Failure. Journal of the American College of Cardiology. 2011 57(11):1573.