Violência doméstica: o mais comum trauma relacionado a gestação

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Estima-se que entre 4% a 8% das mulheres grávidas sofram algum tipo de violência durante a gestação e é amplamente reconhecido que a violência doméstica pode ser a principal fonte de trauma para gestantes. Entretanto, esses dados podem ser significativamente subestimados devido à subnotificação.

A maioria dos casos de violência doméstica contra gestantes origina-se de agressões cometidas por parceiros íntimos e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu Relatório mundial sobre violência e saúde, caracterizou a violência por parceiro íntimo  como violência de gênero baseada em qualquer comportamento que cause danos mentais, físicos ou sexuais àqueles que fazem parte da relação, incluindo abuso psicológico, agressão física, coerção e/ou relações sexuais forçadas e comportamento controlado. As lesões físicas mais comumente observadas nestes casos são traumas na região da cabeça, pescoço e dorso.

Implicações Obstétricas: 

A violência praticada por parceiros íntimos apresenta riscos substanciais para a gravidez. Esses riscos incluem: restrição de crescimento fetal, abortamento, anemia, prematuridade, natimortalidade, rotura prematura de membranas e descolamento prematuro de placenta, além de chances maiores destas mulheres desenvolverem sintomas depressivos, transtorno de estresse pós traumático, abuso de substâncias como tabaco e álcool, e interrupção de amamentação exclusiva precocemente.

O que os profissionais de saúde devem fazer diante da suspeita de violência doméstica?

É imperativo que profissionais de saúde e unidades de saúde procedam à notificação compulsória às autoridades policiais. 

Essa ação está regulamentada pela Portaria GM/MS nº 78, de 18 de janeiro de 2021, e é reforçada pelo § 4º do artigo 1º da Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003.

Fonte: 

  1. Silva, R. P., et al. (2022). Violência por parceiro íntimo na gestação: um enfoque sobre características do parceiro. Ciência & Saúde Coletiva, 27(5), 1873-1882. https://doi.org/10.1590/1413-81232022275.06542021
  2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. ( Outubro, 2023). Febrasgo Position Statment: Trauma e gestação. Recuperado de https://www.febrasgo.org.br/pt/febrasgo-position-statement/item/trauma-e-gestacao-pt