Trabalho de parto

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A definição do trabalho de parto é de contração uterina regular e dolorosa, associada à dilatação progressiva e esvaecimento do colo do útero. A velocidade da dilatação possui algumas variáveis, como o número de partos prévios. Possui 4 estágios que serão definidos a seguir.

A definição clássica elaborada por Friedman é de que o primeiro estágio ocorre do início das contrações regulares e dolorosas até a dilatação cervical completa. A fase latente do primeiro estágio é lenta entre 3 e 4 cm. Quando ocorre uma aceleração da dilatação cervical, de cerca de 1,2 cm/h a 1,5 cm/hora, é definida como fase ativa do primeiro estágio. Ao atingir 9 cm, ocorre uma desaceleração dessa dilatação até que a dilatação esteja completa.

Da dilatação completa até a ultimação do parto, que é a expulsão fetal, tem-se o segundo estágio, que possui uma duração variável de aproximadamente 3 horas para nulíparas e 1 hora para multíparas. O terceiro estágio ocorre desse momento até a dequitação placentária. A quarta fase é definida como a primeira ou segunda hora após a dequitação placentária.

Já uma revisão mais recente mostrou que há um tempo variável de dilatação entre 4 e 6 cm, e que as pacientes dilatam em uma taxa de 1 a 1,2 cm/h após atingirem uma dilatação de 6 cm, sem, necessariamente, ser anormal. Dessa forma, a fase ativa do trabalho de parto é considerada após atingir 6 cm, mantendo a progressão constante, sem a fase de desaceleração mostrada ao atingir 9 cm. Já nas novas diretrizes de assistência ao trabalho de parto, a dilatação de 5 cm é considerada tanto para multíparas quanto para primíparas a fase ativa do primeiro período. A duração da fase ativa é considerada normal até 12 horas em nulíparas e 10 horas em multíparas.

No segundo estágio a duração média foi: 1. em nulíparas, sem analgesia peridural, de até 1 hora e 2. em multípara, sem analgesia, de até meia hora. Porém, caso haja normalidade na frequência cardíaca fetal e o bem-estar materno esteja assegurado, o período expulsivo pode durar até 2 horas para multíparas e até 3 horas para nulíparas. Caso a parturiente tenha sido submetida à analgesia, aumenta-se uma hora a esse segundo estágio. Esse tempo pode variar conforme a anestesia e comorbidades materna como diabetes, pré-eclâmpsia, tamanho do feto e corioamnionite.

O toque vaginal é realizado na admissão da parturiente e de 2 a 4 horas no primeiro estágio. Se optar por utilizar analgesia, realiza-se também o toque e quando a paciente desejar empurrar.

Já no segundo estágio, há o exame digital de 1 a 2 horas para avaliação da descida do feto e, caso ocorra alteração do bem-estar fetal, como bradicardia, o exame pode ser realizado novamente.

Caso haja alguma preocupação do trabalho de parto, pode realizar exames mais frequentes, mas deve-se levar em conta o risco de infecção.

Tais dados podem ser registrados no partograma, cujos registros à direita da curva desse gráfico podem ser considerados disfuncionais, mas são extremamente comuns, podendo ocorrer em 20% dos casos. O uso desse gráfico não demonstrou melhora no resultado obstétrico, mas é recomendado para o monitoramento do trabalho de parto.

Durante todo o trabalho de parto é recomendado ingestão oral de líquidos e alimentos mediante ao desejo da mulher.

Não é recomendado higiene vaginal com clorexidina para prevenir infecção. Caso a paciente deseje, água e sabão são suficientes antes do exame digital.

O terceiro estágio é considerado normal quando ocorre em até 30 minutos. Nesse período é indicado o manejo ativo para diminuição da hemorragia pós parto. Faz-se a tração controlada do cordão e uso de uterotônico como a ocitocina.

REFERÊNCIAS:

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