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Sepse fúngica é extremamente traiçoeira, pois não é uma infecção que habitualmente apresenta grandes sinais e sintomas. Geralmente é aquela criança que teve todos os fatores de risco para infecção fúngica (prematuridade extrema, extremo baixo peso, fez uso de catéter venoso central, recebeu NPP e antibiótico de amplo espectro e ficou em jejum com uso de antiácido) e que se encontra numa fase mais estável nos Cuidados Intermediários e que nunca engrenou muito, mas também fica mais grave como antes.
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Então perceba que não é a clínica que ajudará a suspeitar de uma sepse fúngica. Geralmente, a dica principal acontece por um achado laboratorial persistente: plaquetopenia. E muitas vezes esse hemograma foi solicitado por controles de prematuridade e você acabou repetindo por não acreditar no resultado e acaba se deparando com plaquetopenia persistente.
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É nesse momento então que você deve lembrar que esse bebê já teve diversos fatores de risco para prematuridade e começa, ativamente, procurar infecção fúngica invasiva. Para isso, deve solicitar hemocultura periférica (e central, caso ainda tenha acesso central), urina tipo 1, urocultura e pesquisa de fungos na urina (também pode pesquisar em secreção gástrica, mas tem menos sensibilidade do que na urina que deveria ser estéril), ecocardiograma, ultrassom de cérebro e de abdome total, além de avaliação oftalmológica com fundo de olho.
A presença de fungo em qualquer um desses exames, fecha o diagnóstico e deverá iniciar o tratamento antifúngico, que geralmente será mantido por diversas semanas a depender da presença ou não de complicações (meningite, endocardite, micetomas cerebrais, abdominais ou oculares).
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Por tanto, devemos sempre estar atentos e suspeitarmos de fungo, principalmente diante de plaquetopenia persistente. Vale lembrar que um importante diagnóstico diferencial é CMV adquirido, em crianças que receberam concentrado de hemácias. Para isso, vale também coletar PCR pra CMV na urina e sorologias.