Práticas Não Recomendadas Durante o Trabalho de Parto e Parto

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O manejo do trabalho de parto e do parto requer uma abordagem cuidadosa, visando maximizar a segurança e o bem-estar materno-fetal. Com base nas evidências científicas atuais, algumas práticas comuns foram reavaliadas e não são recomendadas. Essas práticas incluem:

Depilação Perineal/Púbica de Rotina: Historicamente, acreditava-se que a depilação reduzia o risco de infecção. No entanto, as evidências não suportam essa prática como benéfica, indicando que pode ser omitida sem aumentar riscos para a mãe ou o bebê.

Enema: O uso de enema foi outra prática comum visando limpar o intestino antes do parto. As pesquisas mostram que essa prática não oferece benefícios significativos e pode ser desconfortável para a parturiente.

Pelvimetria Clínica de Rotina para Gestantes de Risco Habitual: A mensuração pélvica rotineira não é necessária para todas as gestantes, podendo ser reservada para casos específicos onde há suspeita de desproporção céfalo-pélvica.

Cardiotocografia de Rotina nas Gestantes em Trabalho de Parto Espontâneo de Risco Habitual: O monitoramento contínuo não demonstrou benefícios significativos em comparação com o monitoramento intermitente, podendo inclusive levar a intervenções desnecessárias.

Limpeza Vaginal com Antissépticos: A lavagem interna não mostrou reduzir o risco de infecção, sendo, portanto, uma prática dispensável.

Bloqueio Paracervical para Dor: Não há evidência suficiente que justifique o uso rotineiro dessa técnica analgésica.

Classificação Mecônio em Diferentes Gradações: A presença de mecônio no líquido amniótico é uma preocupação, mas a classificação em gradações não auxilia no manejo clínico.

Cesariana nos Casos com Eliminação de Mecônio de Forma Isolada: A decisão pela cesariana deve considerar um conjunto de fatores, não sendo o mecônio isoladamente um critério. A vitalidade fetal é a principal variável a ser considerada.

Amniotomia Precoce ou Isolada para Prevenir Demora no Trabalho de Parto: A ruptura artificial das membranas sem indicação específica não é recomendada.

Ocitocina para Prevenir Atraso no Trabalho de Parto em Analgesiadas: O uso rotineiro dessa prática não é preconizado, devendo-se utilizar somente nos casos de contrações infrequentes e/ou irregulares.

Antiespasmódicos para Prevenir Atraso no Trabalho de Parto: A eficácia dessa prática não é comprovada.

Uso de Fluidos para Encurtar a Duração do Trabalho de Parto: A hidratação é importante, mas seu uso com o objetivo de acelerar o parto não é apoiado por evidências.

Período Expulsivo e Parto na Água (sem evidências – deve ser restrito a ensaios clínicos): Embora o parto na água possa ser confortável para algumas mulheres, sua segurança e eficácia ainda estão sob investigação.

Puxos Dirigidos no 2º Período do Parto: Encorajar a mulher a seguir seus instintos naturais tende a ser mais benéfico do que puxos dirigidos.

Episiotomia de Rotina: A prática de realizar um corte no períneo rotineiramente não é recomendada, devendo ser reservada para situações específicas.

O respeito aos processos fisiológicos naturais e a minimização de intervenções desnecessárias são essenciais para promover uma experiência positiva de parto. A tomada de decisão deve sempre ser individualizada, considerando as necessidades e preferências de cada mulher, e baseada em evidências científicas sólidas.