Mudança do algoritmo do Teste do Coraçãozinho

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Carlos Eduardo Baldo Carlomagno

O teste da oximetria rastreia alterações cardíacas críticas, cuja apresentação clínica ocorre após redução ou interrupção do fluxo através do canal arterial, incluindo atresia pulmonar, hipoplasia do coração esquerdo, coarctação da aorta crítica e transposição das grandes artérias.

Em agosto de 2022, os departamentos científicos de Cardiologia e Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria publicaram o manual de “Sistematização do Atendimento ao Recém-Nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita”.

Dentro desse manual, vale ressaltar mudanças no algoritmo do teste do coração. Continua sendo realizada a oximetria de pulso no membro superior direito e em um dos membros inferiores, contemplando assim a oximetria pré e pós-ductal, em crianças com idade gestacional a partir de 35 semanas e entre 24 a 48 horas de vida.

Para sua adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja tranquilo, com as extremidades aquecidas e o monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo. Bem, até aí, tudo igual! Porém, a mudança está nos limites de oximetria e nas condutas diante de cada valor.

O teste normal (negativo para cardiopatia congênita), consiste em saturação de oxigênio igual ou maior a 95% e diferença pré e pós-ductal de até 3%. Esse teste apresenta sensibilidade de 76% e especificidade de 99%. Ainda assim, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas por meio dele, especialmente coarctação de aorta. Todo recém-nascido deve ser submetido ao exame físico minucioso antes da alta hospitalar.

Já o teste alterado (positivo para possível cardiopatia congênita) ocorre se a saturação de oxigênio for menor ou igual a 89%, devendo-se transferir o recém-nascido para UTI neonatal e realizar ecocardiograma de urgência para elucidar o diagnóstico.

Testes duvidosos abrangem saturações entre 90 e 94% ou diferença pré e pós-ductal maior ou igual a 4%. Nesses casos, recomenda-se repetir o teste em intervalos de 1 hora, por até 2 vezes, conforme fluxograma abaixo estipulado pela SBP.

Figura 1 – Fluxograma para interpretação do teste de oximetria (SBP 2022)

Referência

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Departamento de Cardiologia e Neonatologia. Manual de Orientação: Sistematização do Atendimento ao Recém-Nascido com suspeita ou diagnóstico de cardiopatia congênita. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2022. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sistematizacao-do-atendimento-ao-recem-nascido-com-suspeita-ou-diagnostico-de-cardiopatia-congenita/. Acesso em: 19 out 2022.